Protesto acontece depois da reunião do Conselho de Graduação (COG) da USP, que negou o pedido do movimento negro e indígena por cotas raciais e decidiu por critérios sociais para o vestibular da universidade.
Texto e foto / Pedro Borges
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Manifestantes organizam protesto por cotas raciais na Universidade de São Paulo (USP) nesta segunda-feira, 3 de Julho, a partir das 18h, no MASP, Avenida Paulista. O ato é articulado pelos grupos, Por que a USP não tem cotas?, Movimento Levante Indígena na USP, Núcleo de Consciência Negra e Diretório Central Estudantil Livre da USP.
O protesto é uma resposta à última reunião do Conselho de Graduação (COG), quarta-feira, 28 de Junho, quando a universidade decidiu por adotar cotas sociais sem qualquer critério socioeconômico.
Os movimentos que organizam o ato acreditam que a medida não democratiza o acesso à USP porque privilegia estudantes de escolas técnicas estaduais e federais, que também possuem vestibulares para o acesso. De acordo com os manifestantes, essas instituições de ensino são frequentadas por um grupo de pessoas com melhor situação econômica que o restante da população brasileira, que se utiliza em larga medida do ensino público comum.
A USP é a única das três universidades estaduais paulistas que não adotou o sistema de cotas raciais. A UNESP oficializou a medida em 2014, após pressão estudantil e de movimentos sociais, e a UNICAMP fez o mesmo no último dia 30 de Maio.
Última pesquisa divulgada pela Fuvest em 2015, acerca da diversidade racial dos ingressantes na USP, mostra a enorme desigualdade entre negros e brancos. Se comparados os 10 cursos mais concorridos da universidade, das 794 vagas, o número de brancos variava entre 71,4% (audiovisual) e 84,4% (arquitetura em São Carlos).
Há mais de 30 anos o tema é discutido pelo Núcleo de Consciência Negra da USP e por diversos movimentos sociais, em especial o negro. Algumas faculdades da USP, como a Escola de Comunicação e Arte (ECA), adotou as cotas raciais para o vestibular de 2017.