O caso não é isolado. Em São Paulo, a cada 13 dias, uma mulher é estuprada em hospitas, clínicas e consultórios, além de Unidades Básicas de Saúde
Texto: Roberta Camargo | Edição: Lenne Ferreira | Imagem: Reprodução – Prefeitura da Cidade de São Paulo
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Na última semana, na capital paulista, um médico ortopedista foi acusado de etuprar uma faxineira negra. Ambos prestam serviço para o Hospital Alípio Correa Neto, que fica na Zona Leste da cidade. Segundo a vítima, que prefere não se identificar, o crime aconteceu enquanto ela limpava um dos quartos de descanso dos médicos, no sexto andar. O acusado foi desligado do hospital pela Secretaria Municipal de Saúde e responde em liberdade.
O médico acusado é o ortopedista Daniel Marques Franco, de 33 anos, que preste serviço ao hospital como residente. A vítima, de 34 anos, trabalha no hospital desde outubro e não soube identificar o médico por nome quando o crime aconteceu. As únicas descrições dadas pela auxiliar de limpeza é de que se tratava de um homem branco e alto.
A vítima relatou que quando o abuso aconteceu, no banheiro do hospital onde trabalha, o médico ameaçou que se ela comentasse sobre o ocorrido, seria a palavra dele contra a dela. Com a ajuda de uma amiga que também trabalha no local, a auxiliar de limpeza procurou uma viatura que estava próxima ao hospital para fazer a denúnicia. De lá, foi encaminhada à delegacia, fez exames no IML e registrou a denúncia na 7ª Delegacia de Defesa à Mulher.
O médico foi encontrado dormindo em um dos espaços de repouso do hospital e encaminhado à delegacia por agentes da Guarda Civil Metropolitana. O advogado disse que mantém o posicionamento do que foi registrado no boletim de ocorrência. Em respeito ao ocorrida, a vítima foi preservada para a realização desta reportagem.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde declarou que: “O profissional foi desligado do quadro de pessoal da unidade e, além das medidas legais no âmbito da esfera civil em andamento, será apresentada denúncia junto ao conselho de classe (CRM-SP) para adoção de medidas éticas cabíveis.”
Sobre a vítima, a SMS afirma conta e ela foi transferida para outra unidade de trabalho e continuará recebendo todo o apoio psicológico e segurança necessária para sua recuperação diante do ocorrido. A direção do Hospital e a SMS estão contribuindo com as informações necessárias para a apuração da polícia e diz que continuará acompanhando as investigações.
Rotina
Em São Paulo, pelo menos um estupro dentro de hospitais é registrado a cada 13 dias. Os dados são do portal Universa UOL, apurados através da Lei de Acesso à Informação (LAI). Segundo o levantamento, pelo menos 82 casos de estupro (na forma tentada ou consumada) foram registrados entre janeiro de 2018 e outubro de 2020 dentro de locais da capital paulista que prestam serviços de saúde (casas de repouso, clínicas psiquiátricas, consultórios e hospitais).
Em mais da metade dos casos, as acusações são tipificadas como estupro de vulnerável, ou seja, com vítimas menores de 14 anos ou que não conseguem oferecer resistência.