Só durante o mês de setembro, 91 pessoas foram mortas por arma de fogo na Bahia. Segundo dados de monitoramento do Instituto Fogo Cruzado, 127 tiroteios foram contabilizados em Salvador e na região Metropolitana, sendo que 121 pessoas foram baleadas.
Os dados fazem parte do terceiro relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado na Bahia, que desde julho tem mapeado os números da violência armada no Estado. A atuação do Instituto é feita em conjunto com a Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas.
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Conforme o levantamento, dos tiroteios registrados, 42 ocorreram durante operações policiais, resultando em 24 mortos e sete feridos. Ou seja, quase metade das mortes foram decorrentes de ações ou operações policiais.
No mês anterior, em agosto, o Instituto registrou 100 mortes e 24 pessoas feridas por arma de fogo. Do total dos 140 tiroteios registrados, 34% dos casos ocorreram durante ações ou operações policiais. Já em julho, mês em que foi produzido o primeiro relatório do Instituto, foram registrados 131 tiroteios, sendo 84 mortes e 24 pessoas feridas. Das ocorrências, 37 ocorreram durante ação policial.
Mapa e perfil da violência armada
Em relação ao perfil das pessoas mortas em setembro, 86 eram homens e cinco eram mulheres. Dessas mortes, 15 foram durante chacinas, ocorrências de violência que resultaram em ao menos três pessoas mortas, segundo classificação do Instituto.
Além disso, o relatório também destaca que, do número total de ocorrências, quatro pessoas foram assassinadas por arma de fogo dentro de casa, três adolescentes foram mortos, duas crianças foram mortas e quatro agentes de segurança mortos e dois feridos.
Na análise das regiões monitoradas na Bahia em setembro, Salvador lidera como a cidade com maior número de registros. Ao todo, foram contabilizados 101 tiroteios, 65 mortos e 23 feridos.
Em seguida, aparece a cidade de Camaçari, na região Metropolitana de Salvador, com 13 tiroteios, 13 mortos e dois feridos.
Sobre os dados, o cofundador da Iniciativa Negra por Uma Nova Política de Drogas e coordenador da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia, Dudu Ribeiro, comenta que os números mostram que o povo preto e vulnerável não está a salvo em Salvador e região metropolitana e em nenhum outro lugar deste país.
“Temos nossos direitos violentados em todos os níveis, principalmente pelo Estado, quando este, negligencia as demandas da sociedade e alimenta esse cenário de violência com uma guerra às drogas que resulta em desigualdade e mais mortes. Precisamos nos perguntar qual é o papel da branquitude na produção de mortes do povo preto. Sabemos quem morre e sabemos também quem está por trás desse sistema”, comenta o pesquisador.
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