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Câncer pouco conhecido entre brasileiros, mieloma múltiplo acomete mais pessoas negras

Pesquisa demonstra ainda que apenas 1% dos entrevistados reconhecem os sintomas e principais características dessa condição
Imagem mostra um idoso negro deitado de lado em um leito hospitalar.

Foto: Jorge Maruta/USP Imagens

20 de outubro de 2024

O mieloma múltiplo (MM) é um tipo de câncer sanguíneo caracterizado pela produção anormal das células plasmáticas, que compõem o sistema de defesa do organismo. A doença é quase duas vezes mais comum em negros do que em brancos. Mesmo assim, poucas pessoas sabem desse importante fator de risco, como demonstrou a pesquisa “Percepções sobre Mieloma Múltiplo”, conduzida pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) a pedido da Pfizer Brasil, a qual a Alma Preta obteve acesso.

Segundo o levantamento, 90% dos entrevistados não sabem que a condição acomete mais pessoas negras do que brancas e apenas 1/3 cita a cor da pele (34%) como um dos fatores que pode favorecer o surgimento da condição.

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Entre os principais sintomas desse tipo de câncer sanguíneo estão dor óssea crônica, fadiga, fraqueza, falta de ar, níveis elevados de cálcio no sangue (hipercalcemia), perda de peso, anemia, visão turva, dor de cabeça, tontura, infecções recorrentes, hematomas, sangramentos, problemas renais e fraturas ósseas.

Embora 88% dos entrevistados os reconheçam como sintomas de um problema de saúde, o desconhecimento generalizado sobre a condição prevalece. Mais dados da análise corroboram com essa percepção, uma vez que apenas 1% dos consultados reconhecem os sintomas do mieloma múltiplo ou o identificam como um câncer que afeta o sangue, que é mais comum em pessoas com idade avançada e/ou negras, e que compromete a medula óssea, podendo ser diagnosticado por exames laboratoriais.

Ao todo, a pesquisa feita online contou com a participação de 1.400 homens e mulheres com 18 anos ou mais, das classes A, B e C, brancos, pardos e pretos, de São Paulo, bem como das regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Brasília e Curitiba.

O levantamento mostra que 86% dos entrevistados não sabem o que é o mieloma múltiplo, sendo que, deste total, 16% deles fazem referência a um outro tipo de câncer. Apenas 14% indicam se tratar de um câncer do sangue que afeta pessoas mais velhas e tem como sintomas a fraqueza, anemia, problemas renais e ósseos.

Quando questionados sobre quais doenças conhecem mais, os entrevistados elencaram em ordem decrescente: hipertensão (86%), diabetes (84%), leucemia (76%) e osteoporose (74%) e mieloma múltiplo (15%), tornando clara a grande lacuna de conhecimento sobre o MM dentre algumas das doenças mais recorrentes entre a população mais idosa.

“O levantamento expõe o total desconhecimento da população brasileira sobre o segundo câncer hematológico mais frequente no mundo, e que afeta principalmente a população negra e pessoas acima dos 65 anos”, comenta Adriana Ribeiro, diretora médica da Pfizer Brasil. “Não ter conhecimento sobre essa condição contribui para a demora no diagnóstico correto, o que prejudica a saúde e a qualidade de vida de milhares de pacientes. Promover educação sobre o mieloma múltiplo junto à sociedade brasileira é um esforço da Pfizer alinhado ao compromisso de uma maior equidade no acesso ao cuidado”, destaca.

De acordo com a literatura médica, o mieloma múltiplo tem como principais fatores de risco a idade, o gênero e a raça/cor. A obesidade e a ocorrência prévia de doenças de células plasmáticas também podem favorecer o surgimento da doença.

Mesmo assim, 30% dos entrevistados não sabem responder quais fatores podem favorecer o surgimento da condição, enquanto boa parte indica fatores genéticos (40%) e hereditariedade (40%). Embora mutações genéticas possam ocorrer ao longo da vida e contribuir para o surgimento do mieloma múltiplo, a hereditariedade não é uma regra, ou seja, a mutação que favorece o surgimento da doença não é necessariamente transmitida dos pais para os filhos. E apenas 34% citam o fato de que pessoas negras podem ter mais chances de desenvolver a doença.

Embora 46% tenham declarado que maus hábitos ligados à obesidade – como alcoolismo (13%), sedentarismo (14%) e má alimentação (19%) – são fatores que podem favorecer o surgimento da doença, mais da metade dos pesquisados (53%) não sabem opinar sobre quais grupos de pessoas são mais acometidos. E, dentre os entrevistados que se arriscaram a responder, apenas 24% mencionam os idosos e somente 8% citam as pessoas negras, reiterando a percepção de desconhecimento sobre os grupos mais afetados pela condição.

Células cancerígenas. Foto: Reprodução
Células cancerígenas. Foto: Reprodução

Diagnóstico e tratamento 

Alterações no hemograma – exame de sangue simples e indolor – podem levantar a suspeita de mieloma múltiplo. Havendo alteração nas células de defesa do organismo, o especialista prossegue solicitando exames complementares para avaliar o acometimento da medula óssea e investigar o que pode ser a causa de demais sintomas relacionados à condição.

A importância sobre o diagnóstico precoce é percebida por oito em cada 10 entrevistados, que indicam ser muito importante diagnosticar a doença o quanto antes para aumentar as chances de sucesso do tratamento – a proporção chega a 90% entre os idosos com 60 anos ou mais, e é maior entre as mulheres (86%), na comparação com os homens (79%).

Apesar disso, o levantamento mostrou um desconhecimento acerca desse processo, com 1/4 dos pesquisados (25%) afirmando não saber como é feito o diagnóstico, parcela que cresce entre as pessoas com 60 anos ou mais (30%).

O desconhecimento também permeia o tratamento, com metade dos entrevistados (50%) declarando que não sabe se há tratamento para MM, enquanto 20% indicam o transplante de medula óssea como alternativa única e 5% dizendo que existe tratamento, mas somente nos estágios iniciais da doença. Embora existam diversas formas de tratar o mieloma múltiplo e assegurar a qualidade de vida do paciente, apenas 1/4 dos consultados (24%) indica a resposta certa, de que o tratamento pode envolver uma combinação de medicações.

O MM é uma condição crônica e seu tratamento tem como objetivo controlar a doença e fazer com que o paciente tenha mais qualidade de vida. Seu diagnóstico é feito por um hematologista e/ou onco-hematologista considerando o estágio da doença e as queixas do paciente, e pode considerar medicamentos que tratam os sintomas, como dores e anemia; quimioterapia, visando destruir as células cancerígenas e o controle da progressão da doença; radioterapia, utilizada para redução dos tumores localizados, dores ósseas e sintomas associados; imunoterapia, que visa estimular o sistema imunológico para auxiliar no combate ao câncer; e, por fim, o transplante autólogo de células-tronco.

  • Redação

    A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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