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Caso Marielle evidencia baixa taxa de resolução de casos de homicídio no Brasil, diz instituto

O levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz apresenta dados de resolução de crimes de assassinatos no país
A imagem mostra o carro de Marielle Franco sendo levado pela Polícia Civil. O Departamento de Homicídio está no local.

A Polícia Civil do Rio transporta o carro da política brasileira Marielle Franco, onde ela foi encontrada morta a tiros no Rio de Janeiro, Brasil, em 15 de março de 2018. Marielle foi eleita vereadora do Rio pelo partido de esquerda brasileiro PSOL. Marielle Franco foi morta quando voltava de um evento no bairro da Lapa, centro do Rio de Janeiro. O motorista dela também morreu

— Mauro Pimental/AFP

28 de março de 2024

O assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes trouxe à tona problemas estruturais relacionados a resolução de casos de assassinatos no Brasil. O Instituto Sou da Paz lembrou dados de um estudo que mostra que apenas 35% dos casos de homicídio são esclarecidos no país. 

A 6ª edição do levantamento “Onde Mora a Impunidade”, divulgado em 2023, aponta que no Rio de Janeiro esse dado é ainda menor e, somente 23% das mortes por assassinato, são resolvidas, um número abaixo da média nacional. Em todas as edições do estudo o estado apresentou índices baixos, tendo chegado ao mais grave de 11% em 2017.

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Segundo a pesquisa, esse indicador, somado a outros indicativos, como a alta rotatividade de delegados na unidade de homicídios da capital, poderia ter guiado uma avaliação detalhada que identificasse os indícios de corrupção com antecedência.

Ainda de acordo com o estudo, os fatos apontados no inquérito sobre as mortes de Marielle e Anderson evidenciam problemas estruturais que afetam não apenas a segurança pública, como outras esferas administrativas e políticas do estado.

Para o Instituto Sou da Paz, o processo de investigação foi marcado por uma sequência de falhas, desde os trabalhos iniciais no local do crime, até a coleta irregular dos projéteis que impediu análises periciais completas. Gravações de estabelecimentos comerciais da região demoraram a ser coletadas, houve quebras na cadeia de custódia de evidências, testemunhas foram ignoradas, depoimentos de envolvidos deixaram de ser tomados e mandados de busca e apreensão não foram cumpridos.

O estudo conclui que a condução da apuração foi prejudicada pela constante troca de delegados e mudanças na equipe do Ministério Público que monitorava o caso, o que culminou na federalização da investigação.

Outra questão levantada no estudo é que no Brasil existem exemplos de boas práticas de investigação de homicídios, que têm contribuído para melhorar a taxa de esclarecimento em diferentes estados. Na publicação Diretrizes Nacionais de Esclarecimento de Homicídios, o Sou da Paz, apoiado por uma rede de policiais, peritos criminais e promotores de justiça, sistematizou um conjunto de recomendações práticas que podem e devem ser disseminadas para mais polícias. 

Dentre os pontos destacados na publicação, estão a devida preservação do local do crime, articulação mais próxima com o Ministério Público, fortalecimento das perícias técnicas e a contínua mensuração das taxas de esclarecimento de homicídios.

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  • Patricia Santos

    Jornalista, poeta, fotógrafa e vídeomaker. Moradora do Jardim São Luis, zona sul de São Paulo, apaixonada por conversas sobre territórios, arte periférica e séries investigativas.

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