Nos primeiros 75 dias de 2025, 41 pessoas foram vítimas de bala perdida no estado do Rio de Janeiro, segundo levantamento divulgado nesta segunda-feira (17) pelo Instituto Fogo Cruzado. O número representa um aumento de 58% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registrados 26 casos. As vítimas incluem três crianças, três adolescentes e sete idosos.
Das 41 vítimas, nove morreram e 32 ficaram feridas. No mesmo período do ano passado, três pessoas morreram e 23 ficaram feridas. O levantamento mostra que as vítimas de bala perdida representam 11,5% do total de 355 baleados no estado em 2025. Entre os atingidos por disparos de arma de fogo estão três crianças, três adolescentes e sete idosos.
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A cidade do Rio de Janeiro concentrou 34 das 41 ocorrências. Os demais casos foram registrados em São Gonçalo (4), São João de Meriti (2) e Maricá (1).
Operações policiais e locais das ocorrências
O Fogo Cruzado identificou que 66% dos casos de bala perdida ocorreram durante operações policiais. Ao todo, 27 vítimas foram atingidas nessas circunstâncias, das quais sete morreram. Em 2024, no mesmo período, dez pessoas foram atingidas em operações, com uma morte e nove feridos.
O levantamento também detalha que nove pessoas foram atingidas por balas perdidas dentro de casa em 2025, o que corresponde a 22% do total. Uma dessas vítimas morreu.
Além disso, houve o caso de uma mulher baleada dentro de uma escola. Alcione da Silva, de 49 anos, foi atingida de raspão no campus da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), em Quintino, zona norte do Rio, na última quarta-feira (12). Ela havia acabado de deixar o filho na escola quando ocorreu uma ação policial no Morro do Saçu, bairro vizinho.
Balas perdidas atingem em sua maioria vidas negras
Um estudo recente do telejornal RJ2, da TV Globo, e um levantamento do Instituto Fogo Cruzado revelaram que as mortes por balas perdidas no Rio de Janeiro, desde o início do ano, causaram impacto direto sobre as comunidades mais vulneráveis do estado.
Carlos Nhanga, coordenador do Instituto Fogo Cruzado, apontou que moradores de comunidades periféricas e negras foram os maiores atingidos por balas perdidas, um fato que expõe a fragilidade da população em territórios marcados por confrontos entre o Estado e o crime organizado.