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Com quilombos, comunidades ribeirinhas e terras indígenas, Vale do Ribeira tem 188 casos de Covid-19 confirmados

14 de maio de 2020

Local tem o limite mínimo de UTIs recomendado pela OMS; deputada Erica Malunguinho fez pedido de hospital de campanha para região

Texto: Juca Guimarães I Edição: Simone Freire | Imagem: Secretaria Estadual de Educação de SP (Quilombo de Ivaporunduva)

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A região do Vale do Ribeira, no sul do estado de São Paulo, tem uma população estimada em 378 mil pessoas, sendo que um quarto delas vive em áreas rurais ou povoados isolados na Mata Atlântica. Nos 17 municípios que compõe a região, foram confirmados 188 casos de Covid-19, o novo coronavírus, e 12 pessoas morreram até o dia 10 de maio, segundo o boletim da Secretaria Estadual de Saúde.

Segundo levantamento exclusivo do Alma Preta, a região do Vale do Ribeira tem o limite mínimo de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Diante deste cenário, no dia 14 de abril, a deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL), da Mandata Quilombo, formalizou um pedido ao governador João Doria (PSDB) para que seja instalado um hospital de campanha na região do Vale do Ribeira. A indicação 1560/20 da deputada destaca a importância de proteger as comunidades tradicionais.

“Se o coronavírus chegar com força nessas comunidades, há muito risco de se espalhar rápido, já que se organizam em uma vida comunitária, de compartilhamento de alimentos e de afazeres. Muitos dos povos do Vale do Ribeira não têm as terras demarcadas, o que limita sua autonomia alimentar plena”, publicou a deputada, em suas redes sociais.

Realidade

A região do Vale do Ribeira abriga quilombos, comunidades ribeirinhas e terras indígenas. Oficialmente o Governo do Estado confirma a existência de 33 quilombos e dez terras indígenas na região. Uma das comunidades quilombolas é o quilombo de Ivaporunduca, que surgiu ainda no século 16, no município de Eldorado, às margens do rio Ribeira de Iguape, no meio da Mata Atlântica.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – indicador de desenvolvimento e condições de vida que varia entre 0,001 e 1,000 – do Vale do Ribeira é 0,711, enquanto a média do estado é de 0,783. Para comparação, nos municípios da região metropolitana da capital, o IDH é de 0,794.

UTIs

De acordo com um informe da Prefeitura de Registro, a região do Vale do Ribeira tem 39 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Considerando os dados de estimativa da população feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice é de 1,03 leito de UTI por 10 mil habitantes. A média no Brasil é de 2,3 leitos de UTI por 10 mil habitantes, segundo os dados disponíveis no Sistema de Apoio de Gestão Estratégica do Ministério da Saúde.Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o ideal é de 1 a 3 leitos de UTI por 10 mil habitantes.

No papel

Em outubro do ano passado, o governador João Doria fez uma cerimônia no Palácio dos Bandeirantes para anunciar o projeto “Vale do Futuro” com diretrizes e metas de desenvolvimento para o Vale do Ribeira.

No projeto, um novo hospital para o município de Pariquera-Açu estava previsto para ser entregue no final de 2021. A cidade lidera a lista de casos de Covid-19 confirmados na região: foram 54 casos confirmados com uma morte.

Em Registro, foram 39 casos com quatro mortes. Miracatu e Cananéia tiveram 14 e 11 casos confirmados, respectivamente, em ambas as cidades morreram duas pessoas.

A Secretaria Estadual de Saúde informou ao Alma Preta, por meio da assessoria de comunicação, que a região tem, atualmente, cinco leitos de UTI ocupados. Além disso, o número de casos de Covid-19 na região é menor do que em outras áreas, por isso, neste momento, não há planos de implantação de um hospital de campanha no Vale do Ribeira.

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