O Comitê Internacional Olímpico (COI) definiu que apenas alguns protestos antirracistas e políticos durante as Olimpíadas de Tóquio serão permitidos, mas após a pressão dos mais de três mil atletas sobre essa decisão, o COI pretende rever as diretrizes para qualquer tipo de ativismo em ambientes olímpicos.
Durante cerimônias solenes, como abertura, encerramento e recebimento de medalhas no pódio das Olimpíadas, as manifestações estão proibidas, de acordo com as regras iniciais, divulgadas no início de julho. Os atletas só podem se manifestar antes das disputas, por exemplo, na hora da apresentação dos esportistas, espaço em que está liberado o uso de roupas, acessórios ou gestos alusivos a alguma causa política, social, religiosa ou racial.
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Caso os atletas descumpram o regulamento, o COI afirmou em nota oficial que haverá punições. Em entrevista à Folha de S. Paulo, a presidente da Comissão de Atletas, Kirsty Coventry, disse que é impossível separar o esporte dos posicionamentos políticos e humanitários, portanto é necessário rever as punições e discutir os protestos de maneira individualizada nos jogos.
Protestos nos Jogos Olímpicos
Em disputas de futebol ocorridas na quarta-feira (21), antes mesmo da cerimônia de abertura das Olimpíadas, os atletas masculinos e femininos da modalidade se ajoelharam em gesto simbólico da luta antirracista, popularizado nos últimos anos.
Além disso, a homenagem ao orixá Oxóssi, feita após o gol do atacante Paulinho, da seleção brasileira, levantou o discurso contra a intolerância religiosa. O atleta simulou atirar uma flecha e se manifestou nas redes sociais com a frase “Okê Arô! Saravá meu Pai”.
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A delegação brasileira também apresentou comportamento simbólico na sexta-feira (23), durante a abertura das Olimpíadas, sendo uma das únicas equipes a evitar aglomerações, em respeito às vítimas de Covid-19, e para não contribuir com a disseminação do vírus. Apenas quatro atletas brasileiros participaram do desfile. O levantador Bruninho e a judoca Ketleyn Quadros levaram a bandeira brasileira, acompanhados pelo chefe da missão brasileira, Marco La Porta, e por um oficial administrativo. Ketleyn foi a primeira mulher negra a carregar a bandeira brasileira na abertura dos Jogos Olímpicos.
O judoca da Argélia, Fethi Nourine, desistiu de participar das Olimpíadas após o resultado do sorteio dos confrontos determinar que ele poderia enfrentar o israelense Tohar Butbul. “Não reconheceremos a bandeira israelense e não mancharemos nossas mãos com ela”, disse Nourine, em suas redes sociais. A decisão do atleta é motivada pelo conflito Israel/Palestina.