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Comunidade indígena é multada em R$ 2,4 milhões e tem fornecimento de água suspenso

Órgão responsável pela distribuição dos recursos hídricos no Perímetro Irrigado do Baixo Acaraú, no Ceará, alega que comunidade indígena deve valor referente à infraestrutura
Comunidade indígena é multada em R$ 2,4 milhões e tem fornecimento de água suspenso

Comunidade indígena é multada em R$ 2,4 milhões e tem fornecimento de água suspenso

— Evaristo Sa/AFP

10 de fevereiro de 2025

A Defensoria Pública da União (DPU) oficiou, nesta segunda-feira (10), o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), a Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará (SRHE) e o Distrito de Irrigação do Baixo Acaraú (DIBAU) pelo corte no abastecimento hídrico de uma comunidade indígena.

O documento pede informações sobre a interrupção do fornecimento de água da Comunidade Indígena Tremembé de Queimadas, na cidade de Acaraú, região norte do estado cearense.

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Desde 2013, o território é oficialmente reconhecido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). O local abriga 80 famílias e está situado no Perímetro Irrigado do Baixo Acaraú, projeto de supervisão federal no Ceará, voltado para a agricultura. 

Segundo comunicado da DPU, o DIBAU cobra uma dívida de R$ 2,4 milhões dos indígenas referente à infraestrutura existente na área. O órgão também alega indisponibilidade de recursos hídricos para justificar os cortes.

A Defensoria Pública da União acredita que a justificativa do órgão não possui fundamentos, já que a demanda hídrica utilizada pela comunidade representa uma fração mínima do Perímetro Público Irrigado (PPI), área delimitada pelo Estado para implantação de projetos de agricultura irrigada.

Para o Conselho Indígena de Queimadas (CITQ), a cobrança milionária deve ser direcionada à União, proprietária legal das terras.

A entidade reforça que a comunidade utilizava apenas a água fornecida exclusivamente para produção agrícola, uma vez que já possui o sistema de abastecimento doméstico.

De acordo com o conselho, o corte no fornecimento hídrico configura discriminação e retaliação contra os indígenas e reforça que o PPI, como um projeto público com financiamento estatal, deveria garantir o desenvolvimento socioeconômico da população local.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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