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Cresce agressão sexual contra mulheres e menores deslocadas no Haiti

Más condições em acampamentos improvisados em Porto Príncipe expõem milhares a riscos de violência sexual, alerta Fundo de População das Nações Unidas
Uma visão do Lycee Marie Jeanne, uma escola secundária que foi transformada em um campo para pessoas deslocadas em Porto Príncipe, Haiti. A violência contínua cobrou um grande número de vítimas, com a agência de migração da ONU afirmando que quase 600.000 pessoas no Haiti foram deslocadas, um aumento de 60% desde março.

Foto: Clarens Siffroy/AFP

2 de setembro de 2024

Milhares de mulheres e menores deslocadas pela crescente violência de gangues no Haiti enfrentam um aumento alarmante nas agressões sexuais. O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) emitiu um alerta no fim de agosto com destaque para as condições de vida precárias nos acampamentos improvisados da capital Porto Príncipe, apontadas como um fator que agrava ainda mais a situação.

“O risco de violência sexual para as mulheres e menores que vivem em áreas de deslocados em Porto Príncipe está aumentando rapidamente, em parte devido a suas condições de vida deploráveis”, afirmou a agência da ONU em comunicado.

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A organização relata que, entre março e maio de 2024, o número de casos de violência sexual e de gênero registrados aumentou mais de 40%. Os casos reportados representam apenas uma fração do total real.

De acordo com dados da ONU, a violência sexual explodiu nos últimos meses, passando de 250 casos registrados em janeiro e fevereiro para mais de 2 mil entre abril e maio. A maioria dos casos tem como vítima mulheres adultas e menores de idade, que enfrentam uma situação de extrema vulnerabilidade nos acampamentos. Esses locais, onde vivem cerca de 185 mil pessoas deslocadas, são frequentemente improvisados e carecem de segurança básica.

Nos 14 acampamentos avaliados pela ONU, mais da metade dos banheiros e cabines de chuveiro não possuem separação entre homens e mulheres, muitas instalações não fecham com chave e não há iluminação noturna adequada. Essas falhas estruturais têm resultado em um aumento das agressões durante atividades básicas do dia a dia, como ir ao banheiro ou tomar banho.

A tragédia se torna ainda mais visível através dos relatos das vítimas. “Com o que sofri, teria preferido morrer”, desabafou uma mãe de sete filhos que foi agredida sexualmente enquanto dormia em um parque, após fugir das gangues. Grávida de quatro meses na época do ataque, ela expressa o medo constante que sente pela segurança de sua filha de 11 anos.

Entre janeiro e maio, foram denunciados 3.949 casos de violência de gênero no Haiti, com 65% desses incidentes sendo estupros e 7% outras formas de agressão sexual, em sua maioria perpetradas por membros de gangues armadas. Segundo o UNFPA, 75% das vítimas são mulheres adultas, 20% são meninas menores de idade, e 61% são pessoas deslocadas.

O Haiti, que há muito tempo sofre com crises políticas, humanitárias e de segurança, vive um agravamento da situação desde fevereiro, quando gangues intensificaram ataques coordenados em Porto Príncipe, incluindo ações contra a polícia e prédios governamentais. Esses ataques forçaram a renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry, mergulhando o país ainda mais em um cenário de violência e instabilidade.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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