O novo relatório “Os Direitos das Mulheres em Revisão 30 Anos Após Pequim”, divulgado pela ONU Mulheres, aponta que um em cada quatro países registra retrocessos nos direitos das mulheres. Os impactos vão desde a redução de proteções legais e de financiamento até o crescimento da discriminação e da violência de gênero.
A análise revela que a reação contra a igualdade de gênero tem dificultado a implementação dos compromissos assumidos na Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, adotada em 1995 por 189 países.
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Segundo o relatório, atores contrários aos direitos das mulheres têm minado acordos históricos e tentado impedir a aplicação de avanços legais e políticos.
Crises recentes, como a pandemia de COVID-19, a emergência climática e o avanço da inteligência artificial, intensificaram os desafios para mulheres e meninas em todo o mundo.
A ONU Mulheres alerta que a desigualdade de gênero no acesso à tecnologia perpetua barreiras, enquanto a desinformação digital reforça estereótipos e limita oportunidades.
Impactos na vida das mulheres
O relatório da ONU Mulheres destaca desigualdades persistentes na vida das mulheres. Apenas 63% das mulheres entre 25 e 54 anos possuem trabalho remunerado, enquanto entre os homens esse índice chega a 92%. Além disso, mais de 772 milhões de mulheres trabalham na economia informal, sem qualquer proteção social.
A violência de gênero, segundo o órgão, também é preocupante. Desde 2022, os casos de violência sexual relacionada a conflitos aumentaram em 50%, sendo que 95% das vítimas são mulheres e meninas. A cada dez minutos, uma mulher ou menina é morta pelo parceiro ou por um membro da própria família.
Apesar dos desafios, alguns avanços foram registrados, como a redução da mortalidade materna em um terço desde 1995 e o aumento da representação feminina nos parlamentos. No entanto, as mulheres ainda possuem apenas 64% dos direitos garantidos aos homens.
Agenda Pequim+30 e propostas para o futuro
Para enfrentar essas desigualdades, a ONU Mulheres lançou a Agenda Pequim+30, um plano que estabelece seis prioridades para impulsionar os direitos das mulheres até 2030.
O programa prevê a ampliação do acesso feminino à tecnologia e à inovação digital, além de investimentos em proteção social, saúde universal e educação para erradicação da pobreza.
No combate à violência, recomenda a implementação de leis e planos estruturados para erradicar todas as formas de agressão contra mulheres e meninas. A agenda também propõe medidas para aumentar a participação feminina em espaços de decisão, como a adoção de cotas de gênero.
Na área de segurança e paz, o plano defende o financiamento de projetos nacionais e a ampliação da participação de mulheres em processos de pacificação.
Já no campo ambiental, a justiça climática é apontada como prioridade, garantindo o reconhecimento do papel das mulheres na adaptação às mudanças climáticas e seu acesso a empregos verdes.