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Estudo revela fragilidade financeira de ações contra o racismo na gestão pública

Estudo destaca a fragilidade financeira das iniciativas de promoção da igualdade racial na gestão pública municipal
Imagem de representantes do governo brasileiro em anúncio do "Brasil pela Igualdade Racial". Um estudo aponta que apenas 3% das ações contra o racismo no Brasil têm orçamento próprio.

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

13 de dezembro de 2024

Uma pesquisa realizada pela Fundação Tide Setúbal revelou que apenas 3% das ações de combate ao racismo e promoção da igualdade racial em municípios brasileiros possuem orçamento próprio. 

O levantamento, intitulado “Mapeamento de Ações de Combate ao Racismo e Promoção da Igualdade pela Gestão Pública Brasileira”, analisou 913 iniciativas em 130 municípios entre 2021 e 2023 e mostrou como a falta de recursos compromete a efetividade das políticas públicas.

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Das iniciativas mapeadas, apenas 30 contam com vinculação orçamentária específica, o que força a dependência de outras áreas do governo ou parcerias externas para serem implementadas. Além disso, os profissionais envolvidos – na maioria, pessoas negras – muitas vezes não recebem remuneração, destacando a precarização dessas iniciativas.

“O levantamento nos permite observar avanços na realização de ações de combate ao racismo e promoção da igualdade racial na gestão pública brasileira. No entanto, ainda enfrentamos desafios estruturais que limitam o alcance dessas políticas”, afirmaram os pesquisadores no estudo.

A pesquisa também aponta disparidades regionais significativas. Estados como Acre, Roraima e Santa Catarina não registraram nenhuma ação voltada ao tema no período analisado. Por outro lado, o Ceará e o Distrito Federal se destacaram como os entes federativos com maior número de iniciativas. Em contraste, estados como Paraná e Rio Grande do Norte tiveram apenas uma ação registrada cada.

Em relação às temáticas, a educação lidera as prioridades, com 82 ações mapeadas, seguida por cultura (42) e segurança pública (27). No entanto, áreas cruciais como meio ambiente não foram contempladas por nenhuma iniciativa.

A média de ações de combate ao racismo por município foi de apenas 6,76. Considerando apenas os municípios que desenvolveram iniciativas, o número sobe levemente para 7,73. Apesar disso, 17 municípios não realizaram qualquer ação voltada ao tema entre 2021 e 2023, refletindo a ausência de compromisso em algumas regiões.

A pesquisa também destaca a importância de abordar o combate ao racismo de forma interseccional, considerando indicadores de classe, gênero, sexualidade, deficiência e território. “Embora haja avanços, ainda são necessárias políticas mais amplas e integradas para enfrentar as desigualdades raciais de forma efetiva”, reforça o levantamento.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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