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Família negra denuncia agressões racistas durante Festival Chic Show, em São Paulo

Ao procurar a cadeira comprada para assistir ao show, a vítima teve seu cabelo puxado por uma mulher branca nas arquibancadas do Allianz Parque
Na imagem, o estádio Allianz Parque, onde ocorreu o festival Chic Show.

Foto: Reprodução / Getty Images

23 de julho de 2024

Uma família negra denunciou ter sido alvo de agressões físicas e verbais de cunho racista durante o Festival Chic Show, que ocorreu no dia 13 de julho, no Allianz Parque, na cidade de São Paulo (SP).

O festival, que celebrava a cultura negra e o aniversário de 50 anos do baile black Chic Show, se tornou palco para uma situação ofensiva que culminou em lesão corporal.

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Em entrevista à Alma Preta, uma das vítimas, que é uma mulher negra, informou que os problemas se iniciaram logo quando chegou ao local. Devido a um contratempo relacionado à compra dos ingressos, ela não conseguiu acessar as cadeiras adquiridas inicialmente e precisou adquirir novas entradas.

Após a nova compra, a mulher e seus irmãos passaram a procurar os novos lugares antes do início do show. Como suas cadeiras indicadas nos ingressos já estavam ocupadas, a família buscou um local adequado para assistir ao show. Foi então que as agressões iniciaram.

Enquanto se dirigiam até a segurança do evento para checar informações sobre os lugares, os integrantes da família foram alvos de xingamentos. “As pessoas gritavam ‘você não vai ficar aqui, sua filha da puta’ de forma bem rude”, declarou. As ofensas prosseguiram até o momento em que uma mulher branca se levantou para agredi-la. 

“Enquanto eu falava com a segurança, uma pessoa veio por trás e começou a puxar meu cabelo e jogando meu chapéu no chão”, contou a vítima. Os irmãos, que tentaram apartar a situação, também foram agredidos. A confusão só se encerrou quando a Polícia Militar interviu e acompanhou os envolvidos até a delegacia.

Na 91ª Delegacia de Polícia, o clima se manteve hostil. Segundo a vítima, os agressores passaram a ironizar a situação e alegaram que ela estaria bêbada, fazendo piadas e provocações. “Foi extremamente constrangedor”, recorda.

“Nunca passei por algo desse nível. A gente enfrenta olhares e coisas do gênero, mas chegar a esse ponto de alguém te agredir só por você estar em um lugar, eu nunca passei por isso. As pessoas que possuem esse tipo de atitude precisam ser penalizadas”, afirma.

Vítima passou a sofrer com crises de ansiedade

A vítima lamenta não ter conseguido assistir o tão aguardado show da Lauryn Hill, de quem é fã. Ela também conta que têm sofrido crises de ansiedade devido ao caso, e que entra em desespero quando adentra em ambientes com muitas pessoas brancas. “Era pra ter ficado marcado na minha história como uma coisa boa, uma coisa bonita. Mas vai ficar como um trauma”, concluiu.

O advogado de defesa da família e membro do conselho de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Flávio Campos, informou à reportagem que abrirá um processo por racismo. “Entendo que este incidente não é apenas um caso isolado de violência, mas um reflexo das profundas desigualdades raciais que ainda afligem nosso país”, comentou.

Em resposta à reportagem, a produtora Music On, responsável pela realização do festival, e o Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) do evento alegaram não ter sido informados sobre o caso. “Reforçamos que não compactuamos com qualquer ato de racismo em nenhuma circunstância”, declarou a produtora.

  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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