O massacre de Paraisópolis completou cinco anos no último domingo (1) e até agora nenhum dos 12 policiais acusados pelas mortes de nove jovens durante o Baile da DZ7, em 2019, foram julgados. Familiares das vítimas e ativistas realizaram um ato em frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, para cobrar justiça.
O protesto contou com faixas que pediam paz e denunciavam a violência policial, incluindo mensagens como “O Direito existe para que a justiça seja feita” e “Não foi socorro”, em resposta à versão oficial da Polícia Militar (PM). Na época, a corporação alegou que os agentes estavam no local para prestar socorro, mas testemunhas e investigações indicam que a ação foi uma repressão violenta ao baile funk.
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Além do ato, foi lançado um site que reúne a linha do tempo do caso, relatórios sobre violência policial e a criminalização do funk, além de uma central de denúncias para outros episódios similares.
Cobranças por justiça
Cristina Quirino, mãe de Denys Henrique Quirino, uma das vítimas, enfatizou a necessidade de responsabilização não apenas dos policiais diretamente envolvidos, mas também dos superiores que definem as diretrizes de conduta.
Denys foi uma das nove vítimas de Paraisópolis que morreram por asfixia mecânica, conforme comprovaram laudos apresentados pela biomédica Ana Paula de Souza Velloso, da Unifesp. Esse resultado contradiz a versão inicial, que atribuía as mortes a um pisoteamento durante a dispersão dos jovens.
Avanços lentos no processo judicial
O caso ainda está em fase de instrução no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, com audiências para ouvir testemunhas e reunir provas. Somente após essa etapa o juiz responsável, Antônio Carlos Pontes de Souza, decidirá se os acusados irão a júri popular ou se haverá absolvição sumária.
A próxima audiência está marcada para 31 de janeiro de 2025, quando oito testemunhas de defesa dos réus prestarão depoimento. Os acusados, que respondem em liberdade, ainda não foram interrogados formalmente.
Os 12 policiais, incluindo um ex-agente, enfrentam acusações de homicídio por dolo eventual, por terem assumido o risco de matar ao encurralar os jovens em um beco estreito, e lesão corporal na mesma modalidade, em relação às 12 pessoas feridas na operação em Paraisópolis.
A Defensoria Pública do Estado de São Paulo elaborou um relatório detalhado com 187 páginas, que aponta evidências de abuso por parte dos agentes. Imagens captadas por câmeras e análises de conversas reforçam a tese de que os policiais agiram de forma premeditada para encurralar os jovens.
Na época do massacre, o governador João Doria afirmou que não recuaria em sua política de segurança pública, mesmo diante de denúncias de abusos praticados pela PM.
Texto com informações da Agência Brasil.