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Fevereiro tem recorde histórico de queimadas na Amazônia

Porta-voz do Greenpeace Brasil alerta que situação é alarmante para o estado de Roraima, que concentra 65% dos focos
Imagem mostra área queimada em Roraima, na Amazônia.

Foto: Reprodução/Conselho Indígena de Roraima (CIR)

4 de março de 2024

 A Amazônia registrou 3.158 focos de calor em fevereiro, um recorde para a série histórica iniciada em 1999 e um aumento de 79% em relação ao recorde anterior, ocorrido em 2007. Os dados são do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Roraima teve o pior fevereiro da série histórica, com 2.057 focos de calor, 65% do total do bioma. Pela primeira vez, o estado teve mais de 500 focos em um único dia, registrados em 20 de fevereiro (538 focos de calor). 

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De acordo com o Greenpeace Brasil, outro ponto de alerta é o avanço do fogo para as Terras Indígenas em Roraima, com destaque para a terra dos Yanomami, que concentra 52% dos focos totais registrados nestes territórios em toda a Amazônia, e Raposa Serra do Sol, com 23% do total. 

O porta-voz do Greenpeace Rômulo Batista explica que vários fatores levaram ao recorde de fogo observado no bioma neste início de ano, com destaque para a crise do clima e o aumento global das temperaturas.

“É difícil apontarmos um único fator para o aumento vertiginoso dos focos de queimadas na Amazônia e em Roraima em 2024, mas é preciso lembrar que, no ano passado, a crise climática foi classificada pelos cientistas como a principal causa da seca na região. Não por coincidência, acabamos de sair do ano mais quente registrado na História, 2023, e ainda enfrentamos efeitos intensos do fenômeno El Niño”, diz.

Além dos fatores ambientais, Batista destaca ações dos governos que têm contribuído para o recorde de queimadas na Amazônia e em Roraima.

“O número alto de queimadas na Amazônia também pode estar relacionado com a paralisação nas ações de fiscalização e controle do Ibama, assim como com as licenças para queimadas em Roraima, concedidas pelo governo estadual durante o período de estiagem. Ainda é preciso considerar programas de prevenção a incêndio florestais e queimadas insuficientes, com poucas pessoas, recursos e materiais, o que se torna ainda mais grave num momento de crise climática, em que cientistas prevêem um aumento tanto na quantidade, quanto intensidade de secas na Amazônia”, afirma.

Plantação de bananas atingida por queimadas. Foto: Conselho Indígena de Roraima (CIR)
Plantação de bananas atingida por queimadas. Foto: Conselho Indígena de Roraima (CIR)

Roraima: verão amazônico não acabou

Apesar dos dados alarmantes já registrados em Roraima, o porta-voz alerta que os focos de calor no estado costumam ser historicamente piores em março.  

“Roraima, que tem nos meses de dezembro a abril o seu verão amazônico, caracterizado por menos chuva e maior temperatura, também passa por um longo período de estiagem. Janeiro, por exemplo, registrou apenas 14% da média de chuvas entre 1990-2020 e fevereiro 25% da média do mesmo período”, afirma Batista. 

O período conhecido como verão amazônico é de julho a outubro, mas, em Roraima, ele vai de dezembro a abril.

  • Redação

    A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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