PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
Pesquisar
Close this search box.

Guia orienta como conversar com homens sobre violência contra a mulher

16 de abril de 2020

De fevereiro para março deste ano, marco do início do isolamento social, o número de pedidos de medidas protetivas para mulheres aumentou 30% em São Paulo

Texto / Simone Freire | Colaboração / Juca Guimarães | Imagem / Reprodução / Getty Images

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

A pandemia do Covid-19, o novo coronavírus, colocou um assunto importante em evidência: a violência contra a mulher. Lançado bem antes da quarentena decretada, um guia que está disponível online pode ser um material primoroso neste período.

A publicação “Como conversar com homens sobre a violência contra a mulher” apresenta, de forma didática, os ciclos e os sinais comuns de violência de gênero, bem como discute como os homens são parte do problema, e também da solução.

Untitled 1

De fevereiro para março deste ano, marco do início do isolamento social, o número de pedidos de medidas protetivas aumentou 30% em São Paulo, de acordo com o Núcleo de Gênero e o Centro de Apoio Operacional Criminal (CAOCrim) do Ministério Público de São Paulo (MPSP). Os números são preocupantes, mesmo diante de um cenário que já não era nada animador.

De fevereiro de 2018 a fevereiro de 2019, por exemplo; 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil, enquanto 22 milhões (37,1%) de brasileiras passaram por algum tipo de assédio, segundo levantamento do Datafolha encomendado pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). A pesquisa também mostrou que 42% dos casos de violência ocorreram no ambiente doméstico.

Pandemia

“Nesse momento da quarentena, temos um momento de tensão por conta do isolamento. Historicamente, 90% das violências contra as mulheres acontece dentro de casa. É perigoso ser mulher e ficar dentro de casa, pois é nesses espaços que a violência acontece. Os casais estão frustrados, preocupados com a saúde, com a situação econômica”, explica a psicóloga Mariana Luz.

A situação também tem chamado a atenção a nível mundial. António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), recentemente, fez o alerta e pediu para que os governos investissem mais nos canais de denúncia e centros de apoio online às vítimas de violência. De acordo com Guterres, em alguns países as queixas de mulheres agredidas em casa dobraram.

Responsabilidades

Desta forma, o intuito do documento organizado pelo Instituto Avon, pelo site Papo de Homem, pelo Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento em Florescimento Humano (PDH) e pelo Quebrando o Tabu, é dar insumos para a construção de caminhos que encorajem os homens a tomarem iniciativas e medidas práticas contra a desigualdade de gênero.

 

O manual traz diversos dados sobre a percepção dos homens em relação à violência de gênero no país. Entre eles está o estudo “Violência contra a mulher: o jovem está ligado?”, realizado pelo Data Popular e Instituto Avon em 2014, que relata que muitos homens jovens ainda acreditam que há justificativa para violência e que as mulheres devem obedecê-los. Entre os entrevistados, 29% deles apontaram que “o homem só bate porque a mulher provoca”.

Da observação das conversas online, explica ela no documento, houve a percepção de quehá palavras e locuções que são “gatilhos negativos” que, quando usadas em um argumento, atraem muita contestação, raiva e agressão. Estes gatilhos são: gênero, ideologia de gênero; igualdade, igualdade entre homens e mulheres, igualdade de gêneros; feminismo, feminista; machismo, machista; e também questões sobre o que é assédio (todas as variações e derivações).“Ainda é um desafio estabelecer um diálogo produtivo com muitos deles porque estes argumentam que lei de proteção às mulheres é privilégio; desconfiam de e reagem mal ao termo igualdade; relativizam abuso de maridos com suas esposas quando elas se recusam a fazer sexo”, sinaliza, na apresentação do manual, a psicóloga Mafoane Odará, editora do documento e gerente do Instituto Avon.

“Como existe um estereótipo de masculinidade pelo qual o homem não pode dizer o que sente, o que pensa, porque se ele demonstrar sensibilidade – o que é considerado vulnerabilidade -, a masculinidade dele vai ser questionada e precisa se apresentar sempre viril e provedor. Então, ele vira uma bomba-relógio porque tem que guardar todos esses sentimentos dentro dele”, pontua Mariana Luz.

Entre os homens negros, a discussão de masculinidade tem passado pela ressignificação do afeto e da relação com as mulheres, segundo explica o escritor e fotógrafo Roger Cipó. Para ele, o que desemboca nesse comportamento violento é a ideia de masculinidade branca, tida como hegemônica, e que é construída na perspectiva da construção de medo e ódio contra as mulheres. “Esse modelo de subordinação e domínio das mulheres é para manter o patriarcado. Nós, homens pretos, estamos fazendo uma discussão para romper com essa estrutura”, frisa.

Untitled 2

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano