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Harvard registra a maior queda de alunos negros no curso de direito desde a década de 1960

Proibição de ações afirmativas em admissões universitárias impacta fortemente diversidade na escola de direito, com quedas significativas também no número de alunos hispânicos
Imagem do prédio da escola de direito de Harvard. A instituição registrou o menor número de matrículas de estudantes negros desde 1960, após decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos.

Foto: Reprodução/Harvard Law School

9 de janeiro de 2025

O número de estudantes negros matriculados no primeiro ano da Faculdade de Direito de Harvard (Harvard Law School) chegou ao menor índice desde a década de 1960, segundo dados divulgados pela American Bar Association na última segunda-feira (6).

A queda acentuada é atribuída à decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, que proibiu o uso de ação afirmativa nas admissões universitárias, o que afetou diretamente as matrículas de minorias em instituições de ensino superior.

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Neste ano, Harvard  matriculou apenas 19 estudantes negros, representando 3,4% da classe. Em comparação, a turma anterior contava com 43 alunos negros, de acordo com uma análise do The New York Times. Desde 1970, o número de alunos negros no primeiro ano da faculdade geralmente variava entre 50 e 70, segundo David B. Wilkins, professor de Harvard especializado em representatividade negra na profissão jurídica.

“Este é o menor número de estudantes negros ingressantes desde 1965, quando havia apenas 15”, afirmou Wilkins, que também é diretor do Centro de Profissão Jurídica da universidade. 

O educador destacou que a decisão da Suprema Corte, que incluiu a Harvard College no caso, teve um impacto direto na redução do número de alunos negros.

Impacto da decisão e queda na diversidade em Harvard

A queda no número de alunos foi mais acentuada em Harvard Law do que em outras instituições de elite, chamando atenção tanto pela severidade como pelo simbolismo da universidade, reconhecida por formar importantes figuras negras como o ex-presidente Barack Obama, a ex-primeira-dama Michelle Obama e a juíza da Suprema Corte Ketanji Brown Jackson.

Além da diminuição de estudantes negros, o número de alunos hispânicos também caiu significativamente, de 63 em 2023 (11% da turma) para 39 este ano (6,9%). Por outro lado, as matrículas de estudantes brancos e asiáticos aumentaram.

Jeff Neal, porta-voz de Harvard Law, afirmou que a diversidade continua a ser um valor central para a instituição. “Acreditamos que um corpo discente composto por pessoas com diversas origens e experiências é um componente vital da educação jurídica”, disse em comunicado. Ele também ponderou que é difícil tirar conclusões definitivas com base em dados de um único ano.

Desafios futuros e compromisso com diversidade

Mesmo diante da proibição da ação afirmativa, Harvard Law reforçou seu compromisso com uma comunidade acadêmica que reflita diferentes dimensões da experiência humana. No entanto, especialistas alertam que a decisão da Suprema Corte pode ter implicações duradouras para a representatividade racial no ensino superior.

Para Wilkins, reverter essa tendência dependerá de esforços concretos para combater barreiras estruturais e criar um ambiente que promova a inclusão. “O impacto vai além das admissões. A falta de diversidade afeta a própria estrutura da educação jurídica e da profissão jurídica nos Estados Unidos”, concluiu.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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