PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Instituto onde fica cemitério de africanos escravizados, no Rio, pode ser penhorado por dívida de IPTU

O local, um dos principais centros de preservação da memória da população negra, foi notificado pela prefeitura por atraso no pagamento do IPTU
Imagem do Instituto dos Pretos Novos, localizado próximo ao Cais do Valongo, no Rio de Janeiro.

Imagem do Instituto dos Pretos Novos, localizado próximo ao Cais do Valongo, no Rio de Janeiro.

— Alex Ferro

17 de abril de 2025

O Instituto de Pesquisa e Memória dos Pretos Novos (IPN) foi surpreendido, nesta quarta-feira (16), com uma notificação judicial que determina mandados de penhora dos imóveis onde funciona a sede da instituição, localizada no Cais do Valongo, sítio arqueológico na região conhecida como Pequena África, no Rio de Janeiro. 

A medida diz respeito ao não pagamento do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), referente a parcelas em atraso dos anos de 2019 e 2020, período marcado pela pandemia de Covid-19.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

O Cemitério dos Pretos Novos é considerado um dos mais importantes registros  da chegada dos africanos escravizados no Brasil. Descoberto em 1996,  o local funcionou como área de sepultamento de 20 mil a 30 mil pretos novos, como eram chamados os escravizados que morriam após a entrada dos navios na Baía de Guanabara ou imediatamente após o desembarque, antes de serem vendidos.

Em 2024, o instituto já havia sido notificado por um fiscal da Prefeitura do Rio, que alegou que o alvará do imóvel não permitia a realização de aulas presenciais na própria sede.  A justificativa utilizada foi devido à atual classificação do zoneamento urbano.

Mesmo com o alvará regularizado, o Instituto foi multado e recentemente impedido de oferecer as aulas que integram suas atividades educativas e comunitárias.

A entidade também considera que a situação representa uma tentativa de racismo institucional.

Reconhecido como Patrimônio Imaterial e Cultural da cidade,  o espaço atua há 19 anos na preservação do patrimônio material e imaterial africano e afro-brasileiro, além de fortalecer a memória, resistência e identidade da cultura da população negra no Brasil.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano