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Jogo da memória inspirado em Orixás combate preconceito às religiões africanas na infância

23 de dezembro de 2020

Criado pela poetisa Thata Alves, jogo é alternativa de presente para as crianças e proporciona o aprendizado sobre valores africanos

Texto: Redação | Edição: Nataly Simões | Imagem: Tag Lima/Divulgação

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A poetisa Thata Alves lançou seu primeiro trabalho lúdico e voltado ao público infantil: “Baobá é Memória”. O jogo da memória com cartas inspiradas em Orixás é uma alternativa para presentes em datas como o Natal e o Dia das Crianças e proporciona o aprendizado de modo intuitivo e inconsciente, tornando-se uma ferramenta para quebrar o estigma da demonização das religiões de matriz africana.

“Eu e meu irmão ganhamos na infância uma Bíblia Infantil: que continha imagens de Jesus em versão de criança”, comenta a criadora do jogo, pontuando sobre a ausência de mais referências infantis em possibilidades de consumo no mercado, como os próprios brinquedos.

No Brasil, existe a lei 10.639/03 que trata da obrigatoriedade do ensino da história da cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio. “Pouco efetiva”, comenta Thata que tem como intuito com o jogo também fazer jus à essa lei, introduzindo os jogos em escolas.

“Baobá é Memória” surge de um momento em que Thata percebeu que em meio às demandas urgentes de se criar duas crianças, ela reparou que não comprava mais brinquedos para seus filhos. Neste ano, quando decidiu voltar a comprar, não se identificou com nenhum brinquedo no mercado. Com isso, Thata conversa com uma criança da qual seu Orixá é Ossain, o senhor das matas e da cura através das folhas. Outros Orixás que ela acredita estarem conectados ao jogo da memória são Exú, o senhor da Comunicação; Ogum, o senhor da tecnologia; e Oxum, a senhora do amor.

“Acredito que foi um presente de meu Orí (a cabeça, a consciência) e de Ogum por me dar esta ferramenta, esta tecnologia, que por meio de saberes ancestrais, vão introduzir de forma mais natural a filosofia de vida que o Candomblé é, além de agregar conhecimento cultural à nossas crianças”, revela Thata.

Já Exú, para Thata, representa a possibilidade de adaptação de linguagem e Oxum como agir com diplomacia perante “às pedras no caminho”. “Quais as referências que nossas crianças pretas têm hoje de ancestralidade na mídia?”, questiona a poetisa, que cita entre os exemplos os heróis da “Liga da Justiça”, entre outros personagens criados por pessoas brancas.

Entre os valores africanos ensinados no jogo estão a humildade, o respeito aos mais velhos, e a oralidade. As ilustrações são obra do designer e ilustrador Tag Lima e o brinquedo está disponível para venda online, no valor de R$ 40.

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