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Jovem torturado por policiais passa mal após convocação para novo depoimento

Marcos Vinícius tem deficiência intelectual e chegou a ficar 21 dias preso no começo do ano; agora, em agosto, o rapaz e a mãe foram chamados pela polícia para reconhecimento presencial, mas sem a vítima

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nadine Nascimento I Imagem: Acervo pessoal

Marcos Vinicius é o rapaz que ficou preso injustamente por 21 dias após tortura

17 de agosto de 2021

Marcos Vinícius de Souza Santos, jovem de 19 anos, ficou mais de uma hora na 3ª delegacia de polícia de Diadema, na manhã de segunda-feira (16), com a sua mãe e sua advogada, para atender à convocação de esclarecimento feita por dois delegados.

O rapaz afirma ter sido torturado na delegacia, no mês de fevereiro, para confessar um crime que não cometeu. Ontem, ele chegou a passar mal por estar novamente no local, segundo sua advogada Michele Magarotto.

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“Na verdade, eles não queriam fazer um esclarecimento do caso. Eles queriam fazer um reconhecimento presencial, porque na época do crime, o Marcos Vinícius foi reconhecido apenas por fotografia. No entanto, a polícia não conseguiu localizar a vítima. Ficamos lá das 10h às 11h”, diz a advogada.

O reconhecimento presencial deve ser remarcado para outra data pela Polícia Civil, porém a advogada pretende entrar com um pedido judicial para que não sejam mais necessária nenhuma apuração ou ida à delegacia.

O jovem, que sofre de deficiência intelectual e tem idade mental que pode ser equiparada a de uma criança de oito anos, passa mal sempre que lembra da sessão de tortura pela qual foi submetido. Para não ter convulsões epilépticas, Marcos Vinícius precisa tomar uma medicação específica a cada 12 horas. 

A acusação de receptação de um celular roubado junto com um aliança e R$20 fez com que ele passasse 21 dias na prisão. O celular que estava com o rapaz no dia da prisão foi comprado pela família dele que, inclusive, tem a nota fiscal. Segundo sua advogada, uma verificação de reconhecimento presencial na delegacia não faz sentido depois de tanto tempo.

“Fiz uma manifestação à Justiça para evitar este tipo de transtorno. O Vinícius tem problemas neurológicos e não tem essa memória de tanto tempo atrás. Queremos que qualquer medida a ser tomada, que seja em juízo e não na delegacia, até porque ele tem trauma. Foi lá que ele foi torturado e agredido. Só de estar lá na porta, ele não estava bem”, pontua Michele.

Além de ficar preso na delegacia, o jovem também ficou preso no Centro de Detenção Provisória do Belém, na zona Leste de São Paulo, sem poder ver os parentes. Ele foi solto, para aguardar o julgamento em liberdade, no dia 24 de fevereiro.

“Poucos dias depois do crime, a vítima foi até o Ministério Público e refez o depoimento dizendo que não tinha como reconhecer ninguém porque ficou nervoso na hora e houve uso de arma. Então como é que agora, seis meses depois, ele vai poder reconhecer alguém?”, indaga a advogada.

Em nota à Alma Preta Jornalismo, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que “O 3° DP de Diadema instaurou inquérito policial para apurar a procedência de um aparelho celular apreendido na ocasião”. Por isso, de acordo com a nota da SSP, “todas as partes citadas na ocorrência serão ouvidas novamente”.

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