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Mãe Menininha: a ialorixá referência na luta contra o racismo religioso

A ialorixá assumi o posto no Terreiro do Gantois antes dos 30 e ocupou a função da casa por mais de 60 anos
Mãe Menininha sentada sorrindo e usando trajes típicos do candomblé.

Foto: Acervo Terreiro do Gantois

23 de novembro de 2023

Maria Escolástica da Conceição Nazaré foi o nome de batismo de Mãe Menininha do Gantois, a mãe de santo mais antiga e reconhecida do candomblé. Descendente de povos originários da Nigéria, foi iniciada na religião ainda criança por sua bisavó, no terreiro do Gantois, fundado em 1849, em Salvador (BA).

Filha única de Maria da Glória e Joaquim Assunção, Menininha se tornou a terceira ialorixá da história do Gantois, lugar onde viveu por 64 anos. Além das atividades no terreiro, Menininha trabalhou como quituteira e costureira.

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Na década de 1930, as festas nos terreiros eram realizadas mediante autorização por escrito, situação que só mudouem 1976, quando o governador Roberto Santos sancionou um decreto que licenciava os ritos a partir do pagamento de taxas da Lei de Jogos e Costumes.

Escolhida pelos orixás para ser a ialorixá do templo antes dos 30 anos, Mãe Menininha enfrentou preconceitos, perseguições, violência. Com seu jeito doce, conquistou o respeito e admiração de governantes, intelectuais e líderes religiosos de terreiros e até de igrejas católicas.

Devota de Santa Escolástica, frequentou missas até o fim de sua vida, o que fortaleceu o papel de resistência e representatividade, já que foi pioneira no movimento para garantir que pessoas do candomblé frequentarem cultos usando trajes típicos de sua fé.

Em poucos anos, o Terreiro do Gantois se tornou um dos mais frequentados do país e Mãe Menininha passou a ser requisitada por autoridades políticas, artistas e esportistas antes da tomada de importantes decisões para tomar conselhos e pedir proteção, pois sabiam de sua influência.

Desde 1992 a casa de reza abriga o Memorial Mãe Menininha do Gantois, seis anos após sua morte. Mais de 500 peças resgatam a ancestralidade e a história de uma das mulheres mais importantes para a religião no Brasil.

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  • Patricia Santos

    Jornalista, poeta, fotógrafa e vídeomaker. Moradora do Jardim São Luis, zona sul de São Paulo, apaixonada por conversas sobre territórios, arte periférica e séries investigativas.

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