De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua, módulo Educação, IBGE, 2022), mais de 9 milhões de jovens não concluíram a educação básica e não frequentam escolas. Em resposta, o Itaú Educação e Trabalho em parceria com a Fundação Roberto Marinho, lançou a pesquisa inédita “Juventudes fora da escola”.
O estudo, realizado em colaboração com o Instituto Datafolha, a Conhecimento Social Estratégia e Gestão e a Rede Conhecimento Social, busca compreender os motivos e consequências da não conclusão da educação básica e da evasão escolar, além de identificar a intenção dos jovens em retornar à escola e investigar políticas efetivas para promover esse retorno.
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Entre os principais achados da pesquisa, destaca-se que 73% dos jovens entrevistados pretendem concluir a educação básica. Dentre eles, 28% possuem o ensino fundamental incompleto, 16% o fundamental completo e 29% o ensino médio completo.
“O fato de termos mais de 9 milhões de jovens entre 15 e 29 anos que não frequentam a escola e não concluíram a educação básica revela uma preocupante ‘tolerância’ da sociedade brasileira em relação à exclusão educacional dos mais vulneráveis“, afirma Rosalina Soares, assessora de Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho, em nota.
Outro dado relevante é que 77% dos jovens que deixaram a escola e pretendem concluir o ensino médio têm intenção de cursar o ensino técnico, apontando uma preferência pelo preparo para o mercado de trabalho.
A pesquisa ouviu mais de 1,6 mil jovens de 15 a 29 anos em todo o Brasil e contou com uma etapa qualitativa junto a jovens e especialistas.
Dificuldade em manter os estudos
Entre as razões apontadas pelos jovens para não concluir o ensino médio estão a necessidade de trabalhar (32%) e a responsabilidade de cuidar da família (17%). No entanto, 92% concordam que concluir a educação básica abriria melhores oportunidades de trabalho.
A pesquisa também revela que, em média, os jovens interromperam os estudos há seis anos, tornando-se um desafio para retomar e concluir a educação básica.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) foi uma opção procurada por 35% dos jovens entrevistados para tentarem concluir os estudos, enquanto 7% optaram pelo Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). No entanto, a pesquisa qualitativa aponta que as principais barreiras para finalizar a educação básica na modalidade EJA é o horário de aulas incompatível com o trabalho e a obrigatoriedade de aulas presenciais.
Políticas públicas voltadas aos estudos
Os dados mostram que, para 41% dos jovens entrevistados seria necessário estudar em um horário e trabalhar no outro, 35% sugerem ter um auxílio financeiro mensal e 32% sinalizam a importância de ter uma creche para deixar os filhos enquanto estudam.
Quanto às modalidades de oferta da escola e do curso, 51% afirmaram que voltariam a estudar se as aulas fossem totalmente presenciais, 28% se fossem totalmente à distância, com professor on-line e 26% se o ensino fosse híbrido.
Já em relação ao horário das aulas, 62% voltariam a estudar se fosse no período noturno, 24% se fosse de manhã e 17% se tivessem horário flexível, para frequentar conforme a disponibilidade de tempo. Dos jovens ouvidos, 34% afirmaram que onde eles moram não têm escola com vaga disponível em horários compatíveis com sua disponibilidade.
Especialistas apontam problema coletivo
O estudo também consultou especialistas em educação, que destacaram a importância de encarar a evasão escolar como um problema coletivo e social que requer uma abordagem abrangente por parte dos governos. Eles enfatizaram que a resolução desse problema demanda um conjunto de soluções que envolvem a colaboração entre diferentes setores em nível local e a oferta de uma variedade de modalidades educacionais.
Segundo esses especialistas, oferecer apenas uma solução ou modalidade de ensino será insuficiente para atender às diversas necessidades das diferentes faixas etárias, condições socioeconômicas, localizações geográficas (entre outras variáveis) e características demográficas dos jovens que estão fora da escola.