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Ministério Público cobra apuração de caso de racismo contra aluno em escola no interior da Bahia

Professora foi denunciada por injúria racial após chamar estudante de "macaco" em Contendas do Sincorá; MPBA recomenda sindicância formal
Imagem de uma sala de aula. O Ministério Público da Bahia cobra apuração de caso de racismo em escola de Contendas do Sincorá (BA).

Imagem de uma sala de aula. O Ministério Público da Bahia cobra apuração de caso de racismo em escola de Contendas do Sincorá (BA).

— Reprodução/Freepik

14 de fevereiro de 2025

O Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA) recomendou à Secretaria Municipal de Educação de Contendas do Sincorá (BA) e à direção da Escola Municipal Santa Luzia a abertura de sindicância ou procedimento administrativo disciplinar para investigar um caso de injúria racial envolvendo uma professora e um aluno. A apuração deve ser iniciada em até dez dias e incluir a oitiva da vítima, testemunhas e da servidora investigada.

A recomendação foi assinada pelo promotor de Justiça Leandro Carvalho Duca Aguiar, que determinou ainda que o MPBA deve receber cópia da instauração do procedimento e informações sobre as medidas adotadas em até 30 dias.

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O MPBA tomou a iniciativa após constatar que nem a Secretaria de Educação, nem a escola haviam adotado providências para apurar o caso, ocorrido em abril de 2024.

Professora denunciada por injúria racial

Em outubro de 2024, o MPBA apresentou denúncia contra a professora à Vara Criminal da Comarca de Ituaçu. Segundo a acusação, no dia 18 de abril de 2024, a docente chamou um aluno de “macaco”, ofendendo sua dignidade em razão de sua raça.

O episódio ocorreu enquanto a professora tirava fotos dos alunos no palco da escola. O estudante se recusou a ser fotografado e tentou se esconder, momento em que a professora teria dito: “Olha aí como está escondido, sai daí seu macaco”.

O aluno relatou que se sentiu ofendido e que, após a fala da professora, outros estudantes começaram a chamá-lo pelo mesmo termo. O Conselho Tutelar de Contendas do Sincorá encaminhou o caso ao MPBA, que instaurou um procedimento para investigação.

Racismo institucional na Bahia e omissão da gestão escolar

O promotor de Justiça Leandro Carvalho Duca Aguiar classificou a falta de providências da escola e da Secretaria de Educação da Bahia como racismo institucional, destacando que a omissão reforça uma cultura de tolerância ao preconceito racial e compromete a credibilidade da gestão pública.


“A inércia administrativa diante de uma denúncia dessa natureza reflete a persistência de uma cultura de tolerância ao preconceito racial. A omissão não apenas desrespeita os deveres legais dos gestores, mas também reforça um ambiente escolar permissivo a atitudes discriminatórias, impactando diretamente a formação dos alunos e a dignidade dos envolvidos”, afirmou o promotor em nota da MPBA.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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