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Movimento Negro denuncia Tarcísio e Derrite por escalada de violência policial em São Paulo

Organizações responsabilizam governador e secretário por escalada de mortes e abusos policiais no estado, com destaque para vítimas negras e periféricas
Imagem do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ao lado do secretário de segurança pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite. Os dois foram denunciados pelo Movimento Negro de serem responsáveis por escalada de violência policial contra a comunidade negra e periférica.

Imagem do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ao lado do secretário de segurança pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite. Os dois foram denunciados pelo Movimento Negro de serem responsáveis por escalada de violência policial contra a comunidade negra e periférica.

— Reprodução/Facebook Guilherme Derrite

20 de dezembro de 2024

Movimentos negros e organizações da sociedade civil denunciaram nesta sexta-feira (20) o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o secretário da segurança pública, Guilherme Derrite, junto à Organização dos Estados Americanos (OEA). O documento protocolado responsabiliza ambos pelo agravamento da violência policial no estado e pede o acompanhamento da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para garantir recomendações formais ao Brasil contra a letalidade policial.

A denúncia cita uma série de casos recentes de abusos cometidos por policiais, incluindo o episódio em que um homem foi arremessado de uma ponte por um PM na capital, a execução de Gabriel Renan em uma loja de conveniência na zona sul, e o assassinato do menino Ryan Gabriel, de apenas 10 anos, baleado durante uma abordagem policial.

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Histórico de violência policial

O documento ressalta que a polícia de São Paulo opera historicamente com truculência e racismo, citando episódios como o Massacre do Carandiru (1992), as chacinas de Osasco (2015) e Paraisópolis (2019) e operações recentes, como a Operação Escudo, que em 2023 resultou na morte de mais de 70 civis na Baixada Santista.

O documento aponta que, desde o início de 2024, 673 pessoas foram mortas pela Polícia Militar no estado, sendo a maioria jovens negros e periféricos. Esse aumento representa uma escalada de mais de 46% em relação ao ano anterior.

Racismo estrutural e impunidade

A denúncia chama atenção para o impacto da gestão de Guilherme Derrite à frente da Secretaria de Segurança Pública, apontada como conivente com práticas violentas da polícia em cidades como Guarujá, Itanhaém, Bauru e Barueri.

O texto ainda critica a postura do governador Tarcísio diante de denúncias feitas em instâncias internacionais. Após ser questionado sobre os índices de violência policial, Tarcísio declarou publicamente: “Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU, pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí”.

Ações unificadas pelo fim da violência racial

O movimento denunciador inclui organizações como UNEafro Brasil, Geledés – Instituto da Mulher Negra, Casa Sueli Carneiro e Associação Amparar, entre outras. Reunindo mais de 60 assinaturas de coletivos e grupos de defesa dos direitos humanos, o documento defende a fiscalização da atividade policial com participação social, como forma de coibir abusos e responsabilizar os agentes estatais.

Segundo o documento, a violência policial em São Paulo é uma expressão do racismo estrutural, agravada por um modelo de segurança pública que prioriza a repressão em vez de políticas sociais inclusivas. O Movimento Negro ainda afirma que os casos de violência citados ao longo da denúncia refletem uma realidade que ultrapassa os limites do estado e evidencia a necessidade de mudanças profundas na segurança pública do Brasil.

Os representantes dos movimentos foram recebidos em uma audiência online pelo Secretário de Segurança Multidimensional da OEA, Ivan Marques, que analisará o pedido de recomendações formais ao estado brasileiro. “Essa violência não é uma exceção, mas sim o reflexo de uma estrutura que precisa ser urgentemente desmantelada”, concluem os denunciantes.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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