No Brasil, 54,3% das pessoas desaparecidas são negras, mas apenas 45,1% são encontradas. Já a maioria dos encontrados é da cor branca, cerca de 54,1%, de acordo com dados da Universidade São Paulo (USP).
Segundo informações da Agência Senado, os desafios em localizar pessoas desaparecidas estão intimamente ligados à desigualdade social. Por isso, especialistas em direito e segurança pública defenderam nesta quinta-feira (4) a integração de bancos de dados de órgãos públicos como ferramenta essencial para esclarecer os casos.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Durante a audiência da Comissão de Segurança Pública (CSP) do Senado, que avalia a Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas, o defensor público-geral da União, Leonardo Cardoso de Magalhães, sugeriu o compartilhamento de dados mantidos por redes sociais, empresas de telefonia e cartórios para auxiliar na localização e na identificação.
“É muito importante que haja uma atuação rápida, célere e desburocratizada das diversas instituições do Estado brasileiro e a criação de bancos de dados unificados, que integrem informações de diferentes órgãos, para facilitar a localização e a identificação das vítimas”, destacou ele durante a audiência, que foi transmitida pela TV Senado.
A delegada Larissa Miranda, representante da Polícia Federal, reforçou a necessidade de integração. Segundo ela, apenas no primeiro semestre deste ano, a instituição recebeu 1.439 mil pedidos e enviou 746 informações sobre desaparecidos a unidades de Polícia Civil ao redor do país.
Ferramentas
O presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, Willy Hauffe, comentou durante a audiência a necessidade de investir em instrumentos que possam ajudar a identificar pessoas desaparecidas. Segundo ele, o Banco Nacional de DNA, criado em 2012, é uma ferramenta valiosa, mas ainda é muito limitada no Brasil.
“Nosso banco de dados tem apenas cerca de 200 mil amostras, o que é muito pouco em comparação ao banco de dados americano, que já ultrapassa os 15 milhões. É fundamental que sejam feitos esforços para ampliar esse banco e coletar mais dados”, alertou Hauffe.
Existem ferramentas disponíveis para ajudar a encontrar pessoas desaparecidas, como a iniciativa da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) que envia alertas nos feeds do Facebook e do Instagram quando uma criança ou adolescente desaparece.
Além disso, o Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid) desenvolvido pelo Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União (CNPG) já compartilhou mais de 100 mil registros sobre desaparecimentos com mais de 2,5 mil órgãos públicos do país.