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“NINA”: Inteligência artificial no combate ao assédio no transporte público

Tecnologia foi idealizada pela pernambucana Simony Cesar, jovem premiada pela ‘Forbes Under 30’; ação objetiva coletar dados sobre violência para pressionar criação de políticas públicas 

Texto: Victor Lacerda I Edição: Lenne Ferreira I Imagem: Divulgação/Nina

‘Nina’: pernambucana cria inteligência artificial que ajuda a denunciar casos de assédio nos transportes públicos

8 de novembro de 2021

Mulher, nordestina, periférica e pernambucana Simony Cesar – premiada pela ‘Forbes Under 30’ -, é responsável pela plataforma que oferece tecnologia integrada a diversos aplicativos para padronizar, centralizar e rastrear denúncias de assédio e violência na mobilidade urbana, incluindo transportes públicos, a ‘NINA’.  Com base em dados, a inteligência artificial visa influenciar a criação de políticas públicas e privadas no combate e prevenção dos casos para a construção de ambientes mais inclusivos.

Em conversa com a Alma Preta Jornalismo, a jovem idealizadora, moradora do bairro de Dois Unidos, na Zona Norte do Recife, conta que a tecnologia nasceu de uma motivação pessoal. Sua mãe, cobradora de ônibus, saía às 4 da manhã de casa e voltava tarde da noite. “Eu não entendia a dimensão do problema que a profissão oferecia pra ela, mas eu percebia o risco que ela passava todos os dias. Isso foi uma das motivações para que eu desse início ao projeto”, conta. 

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Ela ainda conta que o funcionamento da plataforma é pautado em gerar dados que empresas, governos e instituições necessitam para garantir segurança e inclusão para todos nos espaços urbanos. Aliando mobilidade, inovação e tecnologia, a empresa objetiva desenvolver cidades inteligentes (ou smart cities) garantindo o direito de ir e vir em todos os ambientes e a equidade de gênero na mobilidade urbana, com atenção aos casos de violência contra mulheres e assédios. 

Questionada sobre os impactos que a tecnologia traz principalmente na vida de mulheres negras, as mais vulnerabilizadas do país, a idealizadora cita a pesquisa dos Institutos Locomotiva e Patrícia Galvão, que apresentou o dado de que 81% das mulheres brasileiras revelaram que já sofreram violência nos seus percursos e 67% das mulheres negras relataram ter passado por situações de racismo enquanto andavam a pé.

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Mulher, nordestina, periférica e pernambucana, Simony Cesar – premiada pela ‘Forbes Under 30’ -, é responsável pela plataforma que oferece tecnologia integrada a diversos aplicativos para padronizar, centralizar e rastrear denúncias de assédio e violência

“Essa é uma situação que precisamos mudar urgentemente. Acho que o maior impacto da NINA é que nossos dados influenciam tomadas de decisões mais eficientes, voltadas para quem realmente usa o transporte público e quem mais se desloca pelas cidades. Não é só uma questão de tecnologia, mas sim de construção de cultura e de gestão pública”, aponta. 

Leia também: Startup de inteligência de dados valoriza mulheres negras no mercado de tecnologia

Para ilustrar toda a tecnologia, a cara da NINA é uma personagem negra, que ajuda na utilização e na interatividade do funcionamento. Curiosidade é que a figura foi inspirada na primeira usuária da nossa plataforma, “uma mulher negra que sentiu confiança na gente em denunciar o assédio que sofreu no transporte público”.

Já o nome se deu quando a idealizadora estava assistindo ao documentário “What Happened, Simone?” enquanto fazia o seu primeiro artigo científico sobre o projeto. Durante o filme, Nina Simone é questionada sobre o que era liberdade para ela, respondendo que “Liberdade é não ter medo”. 

“Como no meu projeto eu estava falando sobre assédio e violência de gênero, eu peguei essa frase dela como um “slogan” e batizei a NINA em homenagem a essa frase. Fora que essa representatividade da mulher negra é muito importante, não apenas para transmitir confiança para as mulheres que queremos ajudar, mas também para incentivá-las a lutarem pelas mudanças que queremos ver no mundo da mesma forma que a NINA vem fazendo”, explica Simony. 

A idealizadora revela a responsabilidade que carrega por estar buscando novos caminhos de representatividade em um mercado empreendedor de tecnologia e na área de transportes quando sabemos que esses são setores completamente masculinos, aristocratas e brancos. Por isso, o rosto da NINA ser, também, retratado por uma mulher negra. 

“É um grande desafio e enxergo isso como um catalisador para incentivar mais mulheres a se arriscarem, a investirem na área, porque só conseguiremos equidade de fato ocupando esses espaços”, finaliza.

Para mais informações sobre a plataforma, uma página no Instagram mais informações sobre o uso e as possibilidades de serviços em que a tecnologia pode ajudar. 

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