Já 43 casos confirmados entre as comunidades, que se organizam por conta própria para frear o avanço da pandemia
Texto / Flávia Ribeiro | Edição / Simone Freire | Imagem / Valter Campanato / Agência Brasil
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*Matéria atualizada às 12h desta quinta-feira (5) para atualização de dados sobre o número de óbitos.
O Brasil começa a semana somando 17 mortes de quilombolas em decorrência da Covid-19, o novo coronavírus. Um dos óbitos, o primeiro registrado no estado do Maranhão, ocorreu neste domingo (3), mas foi informado à Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), nesta segunda-feira (4).
Outros estados que já contabilizam vítimas são Amapá, com quatro mortes; no Pará, com três; Pernambuco, com duas; Goiás, com duas, uma no Rio de Janeiro e uma na Bahia.
Segundo um levantamento da Fundação Cultural Palmares, há 3.524 comunidades quilombolas existentes no país. A estimativa é que existam mais de oito mil quilombolas residindo nas comunidades com pouca, ou nenhuma, assistência governamental
Diante dessa situação, um projeto de lei está em tramitação no Congresso Nacional, em Brasília (DF), com o objetivo de aprovar medidas urgentíssimas para ajudar os quilombolas no enfrentamento à pandemia do coronavírus.
O texto do PL 2160/20 traz propostas como a criação de um auxílio emergencial às comunidades, no valor de um salário mínimo mensal, por famílias, enquanto perdurar o estado de emergência decorrente da pandemia da Covid-19 e as medidas restritivas de circulação determinadas pelas autoridades públicas.
Outra medida proposta são as ações emergenciais de saúde, sem prejuízo de outras, em prol das comunidades quilombolas, como medidas de proteção territorial e sanitária com a restrição de acesso às comunidades por pessoas estranhas à comunidade, ressalvados responsáveis pela prestação de serviços públicos devidamente credenciados, como profissionais da saúde e demais órgãos públicos.
A matéria ainda trata da ampliação emergencial do apoio por profissionais da saúde, com ampla utilização de equipamentos de proteção individual pelos profissionais envolvidos, além da garantia de testagem rápida para os casos suspeitos da Covid-19 nos quilombos.
Iniciativa própria
Atualmente, a Conaq já contabiliza 43 casos confirmados de Covid-19 entre diferentes comunidades do país. Como nem todas as pessoas são testadas, o número de infectados pode ser bem maior.
Para orientar as comunidades, a organização criou uma cartilha com informações de prevenção e combate à disseminação do vírus. São medidas como o distanciamento social, uso correto e lavagem de máscaras de tecido, além das formas de higienizar as mãos lavando com água e sabão ou usando álcool em gel ou líquido. Para os viajantes que retornam de áreas afetadas, segue o mesmo protocolo nacional da observação dos sintomas por 14 dias.
Sem auxílio do poder público, mais de 40 comunidades quilombolas do Pará, decidiram fechar o acesso do público externo aos seus territórios, em municípios como Moju, Abaetetuba, Baião, Inhangapi, Salvaterra, Ananindeua, Concórdia, dentre outros.
Por iniciativa própria, as comunidades se organizaram e montaram uma espécie de guarda nas entradas para evitar a entrada de pessoas de fora e para orientar os moradores em relação aos cuidados de prevenção à contaminação.
Outra medida tomada para frear o avanço da pandemia foi a suspensão das atividades culturais de comunitárias.