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Observatório da Discriminação Racial cobra punições mais severas para casos de racismo no futebol

Marcelo Carvalho, fundador e diretor executivo do observatório, pede punições mais eficazes e questiona a falta de conscientização após ataque racista contra o jogador Luighi Hanri, do Palmeiras
Jogador de futebol do sub-20, Luighi foi chamado de macaco por torcedor durante partida entre Palmeiras e Cerro Porteño, no Paraguai.

Jogador de futebol do sub-20, Luighi foi chamado de macaco por torcedor durante partida entre Palmeiras e Cerro Porteño, no Paraguai.

— Reprodução/Redes Sociais

7 de março de 2025

O fundador e diretor executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, Marcelo Carvalho, se posicionou sobre o caso de racismo sofrido pelo jogador Luighi Hanri, atacante do Palmeiras, durante a partida contra o Cerro Porteño, válida pela Copa Libertadores Sub-20. 

O episódio de racismo ocorrido no Paraguai gerou repercussão internacional. Durante o jogo na quinta (6), um torcedor do Cerro Porteño imitou um macaco na direção do atacante Luighi, que ficou visivelmente abalado.

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Em entrevista à Alma Preta, Carvalho destacou a importância de punições mais eficazes para combater a prática no esporte. Segundo o profissional, a Conmebol, que organiza a competição, tem regulamentos mais rígidos para casos de racismo, incluindo multas e punições como a interdição de setores dos estádios, mas as medidas não têm sido eficazes.

 “A punição pecuniária, ou seja, a multa financeira, não tem sido eficaz na luta contra o racismo”, comentou. Carvalho propõe que punições mais severas sejam aplicadas para coibir a reincidência de atos racistas no futebol.

Conscientização no futebol é fundamental

Além de mudanças nas punições, o fundador do observatório destacou a importância da conscientização dos torcedores, uma vez que o racismo é tratado de forma diferente em diversos países da América Latina.  “Em outros países, o racismo não é visto com a mesma gravidade que no Brasil, e isso precisa ser abordado de maneira mais eficaz”, afirmou. 

A Conmebol, segundo o especialista, também precisa refletir sobre como atuar diante de casos recorrentes de discriminação racial nos estádios.

O diretor do observatório também chamou atenção para a mudança de postura dos jogadores, que, atualmente, denunciam mais frequentemente episódios de racismo. Contudo, ele lamentou a falta de responsabilização dos torcedores racistas. 

“Os torcedores sentem uma sensação de impunidade, e isso reforça o ciclo de discriminação”, disse Carvalho. A mobilização dentro e fora de campo, para ele, precisa ser acompanhada por ações que envolvam clubes, autoridades e a sociedade como um todo.

Papel da mídia e dos clubes de futebol

Para Carvalho, a mídia tem um papel fundamental na luta contra o racismo no futebol, ao questionar os clubes e suas ações frente a esse tipo de incidente. Ele também alertou para a importância de cobrar medidas concretas para prevenir e punir o racismo, ressaltando que a responsabilidade não pode ser apenas delegada às autoridades. “O torcedor precisa agir, denunciar e não deixar impune o ato racista dentro dos estádios”, afirmou.

O especialista também criticou a abordagem de alguns jornalistas, que minimizam ou até justificam atos racistas. “É necessário que a mídia trate o racismo com a seriedade necessária, sem banalizar o problema”, destacou.

Ministério do Esporte e reações internacionais

O Ministério do Esporte do Brasil se manifestou sobre o episódio, expressando sua indignação e repúdio aos atos de racismo sofridos pelos jogadores do Palmeiras. Em nota, o ministério anunciou que exigirá uma investigação rigorosa e a aplicação de sanções contra os responsáveis.

Jogadores como Vini Jr., do Real Madrid, também se posicionaram publicamente, apoiando Luighi e cobrando atitudes mais efetivas da Conmebol. “Até quando, Conmebol? Vocês nunca fazem nada”, questionou o atacante brasileiro, após manifestar solidariedade ao colega de profissão.

Atacante do Real Madrid prestou solidariedade à Luighi em seus stories (Reprodução/Redes Sociais)

Palmeiras irá ‘até as últimas instâncias’ por punição

A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, anunciou nesta sexta-feira (7) que solicitará a exclusão do Cerro Porteño da Libertadores Sub-20. “Vamos requisitar a exclusão do Cerro Porteño da competição. Porque não é a primeira vez que esse clube ataca nossos atletas, nossos torcedores”, afirmou Leila.

A dirigente também criticou a postura do árbitro da partida, que não interrompeu o jogo no momento da agressão. “Ele não cumpriu com uma determinação da Fifa”, disse.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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