As manifestações racistas em jogos de futebol estão cada vez mais comuns no Brasil e no mundo. O caso mais recente é o do jogador Luighi Hanri, atacante do Palmeiras, que foi vítima de racismo por parte da torcida do Cerro Porteño, durante partida pela Conmebol Libertadores sub-20, nesta quinta-feira (6), no Paraguai.
O ato aconteceu quando o torcedor do time adversário imitou um macaco na direção do jogador, que diante da ofensa deixou o campo. O atacante também foi alvo de uma cusparada dos torcedores adversários. Após a partida, em entrevista à imprensa, Luighi se manifestou e cobrou providências da Conmebol.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Em nota, o Palmeiras afirmou buscar as “últimas instâncias” para punir os envolvidos no ato racista.
É inadmissível que, mais uma vez, um clube brasileiro tenha de lamentar um ato criminoso de racismo ocorrido em jogos válidos por competições da CONMEBOL. A Sociedade Esportiva Palmeiras presta toda solidariedade aos atletas do clube que estão disputando a Libertadores Sub-20 no… pic.twitter.com/qTj4TIaO9X
— SE Palmeiras (@Palmeiras) March 7, 2025
Casos de discriminação como esse também reverberam no futebol feminino, onde as mulheres negras enfrentam ofensas racistas semelhantes, que seguem o mesmo padrão e reforçam a gravidade dos atos. Em dezembro do ano passado, as atletas do Grêmio foram vítimas de racismo durante uma partida contra o River Plate na rodada da Brasil Ladies Cup, em São Paulo.
Após uma confusão no gramado do Canindé, a volante Candela Diaz imitou um macaco na direção do gandula. As jogadoras do Grêmio reagiram aos insultos das adversárias e também denunciaram o ocorrido, que resultou no encerramento da partida.
Depois do jogo, o Grêmio registrou o boletim de ocorrência na 6ª delegacia e as jogadoras argentinas Candela Díaz, Camila Duarte, Juana Cangaro e Milagros Diaz foram detidas em flagrante por injúria racial. O River Plate foi excluído da competição e suspenso das próximas duas edições.
Futebol Internacional
Recentemente, a La Liga também denunciou insultos racistas de um torcedor do Real Sociedad, que imitou um macaco na direção de Vini Jr. O caso aconteceu em janeiro durante o jogo entre Real Sociedad e Real Madrid, no primeiro duelo da semifinal da Copa do Rei.
Um vídeo publicado em rede social expõe o momento que o torcedor foi flagrado fazendo um gesto racista enquanto Vini Jr estava em uma das laterais do campo. A partida chegou a ser parada no primeiro tempo quando uma mensagem no telão indicou que os torcedores não poderiam ter atitudes ofensivas nas arquibancadas.
Quizás le picaba el sobaco al chaval este de la bufanda…🤔🤷 #LaCopaMola? pic.twitter.com/RkgsrE1zH3
— Fernando Kallás (@fernandokallas) February 26, 2025
Além disso, após a primeira condenação por racismo no futebol espanhol, em junho de 2024, a La Liga divulgou uma lista atualizada sobre a situação de casos de ataques racistas e de ódio no Campeonato Espanhol. Vini Jr sofreu pelo menos 21 insultos preconceituosos desde que chegou ao clube espanhol em 2018.
Atualmente, o atacante é um dos principais ativistas da causa racial no futebol, expondo o quanto o preconceito ainda está enraizado no esporte, principalmente no território espanhol. Vini Jr. é considerado uma das vozes mais importantes para denunciar casos e pressionar autoridades, clubes e instituições a adotarem medidas mais eficazes no combate ao racismo.
Protocolo contra racismo no futebol
Após casos recorrentes de racismo, a La Liga e a Real Federação Espanhola de Futebol decidiram incorporar um novo Protocolo de Ação sobre Incidentes Públicos contra casos de racismo em partidas de futebol na Espanha. Foi criado um gesto para que os juízes possam apontar a ocorrência de um “incidente racista”, durante as partidas de todas as suas competições.
O juiz poderá cruzar os braços em X com as mãos abertas para informar ofensas racistas durante o jogo. Ao notar o caso ou receber a informação de um jogador ou coordenador de segurança, o gesto será realizado e a partida será paralisada. Neste caso, será emitido no sistema de som um aviso explicando que se as atitudes racistas persistem, o jogo poderá ser suspenso temporariamente ou em definitivo.
O próximo passo é a suspensão temporária da disputa, com a ida das equipes para o vestiário, com aviso do risco de suspensão definitiva da partida. Após a partida ser reiniciada, se tiverem atitudes racistas novamente, o árbitro poderá consultar o coordenador de segurança e responsáveis dos dois clubes para suspender o jogo de maneira definitiva.
A medida reforça o protocolo contra o racismo, a xenofobia e a intolerância no futebol implementado em 2005, depois da repercussão de casos de discriminação.
Com informações do Observatório da Discriminação Racial no Futebol.