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ONU cobra demarcação de terras de comunidade indígena no Mato Grosso do Sul

Chefe de direitos humanos da ONU também solicitou celeridade nas investigações dos últimos ataques contra os indígenas Guarani e Kaiowá no estado
Imagem mostra indígenas Kaiowá e Guarani em área de retomada na TI Panambi Lagoa Rica, em Douradina (MS).

Foto: Ascom/Cimi

9 de agosto de 2024

O chefe de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) na América do Sul, Jan Jarab, demonstrou preocupação com o contexto de violência enfrentado por indígenas da etnia Guarani-Kaiowá, no município de Dourados (MS).

Localizada na Terra Indígena (TI) Panambi Lagoa Rica, a comunidade está em processo de retomada e enfrenta diversos ataques de ruralistas da região. Em nota, a organização indígena Aty Guasu, comunicou que os agressores ameaçaram realizar um massacre.

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Jarab acredita que as recentes agressões demonstram os riscos que os povos indígenas do Brasil enfrentam na defesa de seus direitos às terras e territórios. ”A recuperação de terras ancestrais por parte de comunidades indígenas é com frequência resistida com ataques armados por parte de agentes privados, e seus responsáveis costumam ficar impunes”, apontou.

“O Estado brasileiro deve investigar de forma célere e diligente o recente ataque -que resultou em mais de 10 integrantes da comunidade Yvy Ajere feridos, incluindo crianças, mulheres e idosos-, com o intuito de evitar a impunidade”, completou o representante da ONU.

A organização ainda afirma que a tese jurídica do marco temporal não deve ser implementada no país, por estabelecer limitações para o reconhecimento e a demarcação das terras indígenas. “Por isso, mais uma vez, reiteramos que a tese jurídica do ‘marco temporal’ […] é contrária aos padrões internacionais de direitos humanos”.

Conflito na terra indígena no MS

No último sábado (3), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) denunciou mais uma investida contra a comunidade indígena, tendo sido a maior da escalada de violência dos últimos meses. Cerca de dez indígenas foram alvejados por munições letais e de borracha. Duas pessoas foram internadas em estado grave após serem atingidas no pescoço e na cabeça.

Barracos, alimentos, objetos pessoais e símbolos religiosos foram incendiados. Em um vídeo divulgado pelo conselho, é possível ver a presença ostensiva de caminhonetes e tratores ao redor da área de retomada.

Em resposta às ocorrências, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) solicitou a triplicação do efetivo operacional da Força Nacional e Segurança Pública (FNSP), alocada para realizar a proteção da região.

O território também enfrentou uma disputa judicial, que quase culminou em uma liminar de despejo em favor dos fazendeiros. Na segunda-feira (5), o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) suspendeu uma ordem de reintegração de posse contra os indígenas.

Em outro caso, um despacho judicial emitido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), proibiu a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) a prestar assistência para a comunidade.

  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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