De acordo pesquisa realizada pelos Institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, divulgada nesta sexta-feira (13), cerca de 97% das mulheres entrevistadas sentem medo de sofrer algum tipo de violência quando se deslocam pelas cidades.
O estudo “Vivências e demandas das mulheres por segurança no deslocamento” entrevistou mais de 4 mil brasileiras que utilizam diversas formas de transporte para se locomover diariamente. Entre as mulheres ouvidas, 71% relataram já ter enfrentado violência em momentos de deslocamento. Do total, 84% representam mulheres LBT (lésbicas, bissexuais e trans) e 82% são negras.
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O percentual significa que sete em cada dez mulheres já viveram uma situação de violência durante os trajetos. Em todo o Brasil, 26% das entrevistadas declaram terem sido vítimas de assalto, furto ou sequestro relâmpago. No estado do Rio de Janeiro,
o índice foi de 48%.
As situações de violência incluem importunação sexual, assédio, sequestro, assalto, agressão, preconceito ou discriminação de gênero, orientação sexual e racismo. A classificação ainda considera cantadas inconvenientes, olhares insistentes e afins.
A maioria dos casos ocorreram durante trajetos percorridos a pé, onde 73% afirmou já ter sofrido alguma dessas situações pessoalmente. Com 45% das mulheres, os episódios aconteceram em ônibus e outras 13% foram vítimas durante viagens em carros particulares.
No metrô, 10% das mulheres declararam ter passado por alguma das situações descritas. Se consideradop o recorte racial, o percentual sobe para 48%.
Para as participantes do estudo, a ausência de policiamento, iluminação e ruas desertas são os principais fatores que contribuem para a insegurança feminina. A listagem também considera os espaços públicos abandonados, as falhas no transporte público, o horário de descolamento e o desrespeito como agentes que favorecem o contexto de risco.
Mediante a constante sensação de insegurança, as mulheres apontaram medidas individuais como uma maneira paliativa de garantir sua defesa durante os deslocamentos, como deixar de utilizar certos tipos de vestimentas ou acessórios, evitar passar por locais desertos ou sair à noite e realizar constantes alterações de rota nos percursos, priorizando caminhos mais seguros (mesmo que mais longos).
Segurança das mulheres nas eleições 2024
A pesquisa ouviu mulheres residentes de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Belo Horizonte, Recife, Belém, Fortaleza e Porto Alegre. Nas nove cidades, mais de 90% das mulheres acreditam que o tema da segurança das mulheres deve ser priorizado nas eleições municipais de 2024.
Para a maioria, as prefeituras dos municípios são as principais responsáveis pelas demandas que poderiam alterar este cenário, por serem responsáveis pela iluminação, gestão de parques e espaços desocupados e transporte por ônibus.
“A pesquisa mostra que as mulheres sentem muito medo quando saem de casa, que esse medo tem a ver com suas experiências com a violência urbana e de gênero e que elas sabem quais iniciativas podem contribuir para aumentar sua segurança. Em especial, o levantamento revela que as brasileiras percebem que essas medidas são de responsabilidade do Estado, em especial da prefeitura de sua cidade. Por isso, elas também consideram que a segurança das mulheres no deslocamento deve ser um tema prioritário nestas eleições municipais”, afirma Jacira Melo, diretora-executiva do Instituto Patrícia Galvão