PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Pesquisa expõe violências sofridas por mulheres negras no Pará

O levantamento da Iniciativa Negra por uma Política sobre Drogas será lançado nesta terça-feira, na Sede da Sociedade Paraense em Defesa dos Direitos Humanos
Manifestantes durante a 10ª Marcha das Mulheres Negras, no Rio de Janeiro, 28 de julho de 2024

Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

27 de agosto de 2024

Nesta terça-feira (27), a Iniciativa Negra por uma Política sobre Drogas lançou a pesquisa “Realidades Invisíveis: políticas de drogas, megaprojetos e a sobrevivência de mulheres negras cis, trans e travestis na Amazônia paraense”, que busca analisar o contexto de violência e vulnerabilidade vivenciado pelas mulheres negras em decorrência da guerra às drogas no Pará.

O estudo foi desenvolvido com o apoio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e entrevistou 60 mulheres dos municípios de Altamira e Belém. 

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

De acordo com a pesquisa, o estado possui a maior proporção de pessoas negras no país, com cerca de 76% da população paraense composta por pretos e pardos. Por lá, 65% das mulheres negras residentes em Belém e 60% em Altamira relataram ter sofrido discriminação racial.

Dados do relatório “Elas Vivem”, produzido pela Rede de Observatórios de Segurança, indicam que o estado registrou 244 eventos de violência contra mulheres em 2023, dos quais 43 eram feminicídios. No estudo da Iniciativa Negra, 70% das moradoras de Belém relataram ter experienciado episódios de violência física. Em Altamira, o percentual foi de 75%.

Em relação à renda mensal, 63% das mulheres belenenses e 43% das entrevistadas de Altamira recebem uma remuneração de um a três salários mínimos (cerca de R$ 1.412 a R$ 4.236). Na capital, 33% delas afirmaram receber renda inferior a um salário mínimo, situação compartilhada por 36% das moradoras de Altamira.

A vulnerabilidade habitacional também se destacou no levantamento. Em Belém, 43% das mulheres negras cis, trans e travestis vivem em áreas sujeitas a alagamentos e enchentes recorrentes, e outras 25% vivem em assentamentos precários. Para as entrevistadas altamirenses, o índice foi de 53%.

Para Dandara Rudsan, assessora de advocacia da Iniciativa Negra no Pará, o levantamento expõe as fragilidades dos sistemas de saúde e atendimento à mulheres moradoras de locais vulneráveis.

“Nosso estudo só comprova o que vemos todos os dias nesses territórios: mulheres cada vez mais expostas à violência sendo violentadas também pelo Estado que é quem deveria cuidar delas, assegurando seus direitos e liberdades individuais”, afirma em nota.

Para o lançamento da pesquisa, a organização realizará uma mesa de discussão com as coordenadoras, pesquisadores e especialistas envolvidos na produção do estudo, que acontece a partir das 15h na Sede da Sociedade Paraense em Defesa dos Direitos Humanos (SDDH).

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano