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Pesquisadores brancos têm mais apoio governamental na agenda climática

Pessoas pretas e indígenas aprovadas em projetos de estudo sobre o clima somam menos de 30% dos recurso disponibilizados
Imagem mostra moedas em cilindro com uma planta em cima.

Foto: Reprodução

14 de novembro de 2023

Programas de apoio a pesquisadores promovidos pelo governo federal têm maior número de bolsistas autodeclarados brancos em todas as regiões do país, segundo o relatório “O saber ainda é branco: as desigualdades no fomento à agenda climática”, elaborado pelo Observatório da Branquitude, iniciativa dedicada a produzir conhecimento e incidência estratégica com foco na branquitude e suas estruturas de poder.

Dos mais de R$ 19 milhões investidos entre janeiro e setembro deste ano, 65% foram destinados a pesquisadores brancos. Bolsistas negros dividiram apenas cerca de R$ 4,9 milhões desse valor.

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Nos cinco estados com maior incentivo financeiro (São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Pernambuco e Pará), o grupo de homens brancos é o mais beneficiado.

A região Norte, onde está concentrada a maior parte da Amazônia e há maior número de bolsistas autodeclarados negros, é a que recebe menos investimento, com apenas dois estados contemplados — pesquisadores brancos também recebem a maior parte dos recursos.

O boletim propõe uma reflexão sobre a importância desta desproporção para encontrar soluções possíveis para o futuro e apresenta um panorama sobre o apoio estatal à produção científica no campo climático e ambiental.

A principal pauta da agenda global, a partir deste retrato, é analisar as interseccionalidades entre justiça climática, raça, região e a subrepresentação na geração de conhecimento dos grupos mais afetados pela crise: a população negra e a indígena.

Para as análises, o estudo se aprofundou nos dados de pesquisadores autodeclarados negros ou brancos — dados de outras etnias e dos bolsistas que preferiram não responder a autodeclaração não foram escrutinados.

Repasse financeiro

As análises do relatório sobre a distribuição de recursos focam nas disparidades entre pesquisadores brancos e negros, que possuem maior percentual de representação, onde em valores absolutos, R$ 19.856.284,36, divididos percentualmente entre os programas de Mudanças Climáticas (57,04%), Tecnologias Ambientais (22,87%), Biodiversidade (11,35%) e Biodiversidade e Recursos Naturais (8,74%).

Para pesquisadores brancos foram destinados 65,23% (R$ 12.951.913,75) dos recursos, mesmo em regiões e estados com maior autodeclaração de pretos e pardos. Os pesquisadores negros dividiram R$ 4.942.949,20, ou seja, 24,89% do montante. Indígenas aparecem com a menor porcentagem, 0,25% do total investido (R$ 49.971,56).

Embora concentre em seu território grande parte da Floresta Amazônica, a região Norte do país foi a que menos recebeu recursos, R$ 1,5 milhão. O sudeste é a mais beneficiada, com 9,7 milhões para 179 bolsas. Nordeste e Sul aparecem na sequência com R$ 4 milhões e R$ 2,4 milhões respectivamente e no Centro-Oeste, R$ 2,2 milhões.

O boletim completo está disponível no site.

  • Patricia Santos

    Jornalista, poeta, fotógrafa e vídeomaker. Moradora do Jardim São Luis, zona sul de São Paulo, apaixonada por conversas sobre territórios, arte periférica e séries investigativas.

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