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Pessoas negras são as maiores vítimas de erros médicos no Brasil, diz estudo

Apesar da diminuição geral no número de acidentes, a pesquisa é crucial para melhorar a qualidade da assistência médica
Imagem mostra um homem negro sentado em uma maca de hospital com as mãos na cabeça.

Imagem mostra um homem negro sentado em uma maca de hospital com as mãos na cabeça.

— Paula Fróes/Governo da Bahia

26 de dezembro de 2023

Pessoas negras foram as maiores vítimas de erros médicos devido a acidentes ou à negligência profissional, ocorridos entre 2010 e 2021 no Brasil. A informação é da terceira edição do estudo Boletim Saúde da População Negra, um projeto do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) e do Instituto Çarê.

Entre 2010 e 2021, foram registradas 66.496 internações devido a “eventos adversos”, definidos como condições hospitalares adquiridas de forma indesejável e não-intencionais durante o período de internação. Isso inclui desde cortes acidentais a perfurações e objetos estranhos deixados no corpo do paciente durante procedimentos. Em média, foram 15 casos por dia.

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A análise revela que, no período de 2012 a 2021, as regiões Norte e Nordeste apresentam seis vezes mais casos de internação de negros por incidentes. No Centro-Oeste o número é três vezes maior, e no Sudeste as chances são 65% maiores. No Sul, única região onde a tendência se inverte, pessoas brancas têm 38% mais chances de sofrer com essas causas.

Entre 2010 e 2015, ano onde ocorreu o pico das ocorrências, houve um aumento significativo nas internações por acidentes e incidentes adversos, tanto para pessoas negras como para brancas em todo o país. A partir de 2016, no entanto, houve uma inversão, e em 2021, os números retornaram aos níveis de 2010.

“Embora observemos uma queda no número absoluto dessas ocorrências nos últimos anos, a importância de sua investigação é crucial para melhorar a qualidade da assistência médica. Ao identificar tendências nas falhas e causas, torna-se possível implementar medidas corretivas, prevenir danos adicionais e promover transparência e responsabilização”, diz trecho do estudo. 

Ainda segundo o levantamento, as desigualdades nas taxas de internação apontam para a importância de políticas específicas, como a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), para abordar as disparidades e promover o acesso equitativo aos cuidados de saúde

“A busca por uma saúde mais justa e igualitária exige um compromisso constante com a investigação, ação corretiva e aprimoramento dos serviços de saúde, em prol de toda a população, independentemente da raça ou cor.”

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  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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