O Programa Cidadão Digital é um projeto realizado pela ONG SaferNet Brasil, em parceria com o Facebook, com foco na promoção e defesa dos Direitos Humanos na internet no Brasil, com ações educativas e de cidadania digital voltados para construção de uma internet segura para crianças e adolescentes. Em 2021, pela primeira vez, o programa formou embaixadores quilombolas e indígenas que deverão atuar em comunidades de todo o país.
O projeto contempla jovens de 19 a 25 anos, a maioria universitários, de diferentes formações. Neste ano, após o processo que contou com 963 inscritos, 14 jovens foram escolhidos para serem embaixadores e atuarem na rede pública de ensino, promovendo atividades sobre privacidade, cyberbullying, autocuidado e desinformação. Os selecionados têm a missão de levar atividades sobre cidadania para mais de 50 mil alunos da rede pública de ensino e 8 mil professores das cinco regiões do país até dezembro.
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“É importante a gente lembrar também que muitas dessas comunidades indígenas e quilombolas são ruralizadas e ficam localizadas em territórios distantes. Muitas vezes, há grande dificuldade de acesso aos meios digitais”, afirma Ana Thereza Farias, uma das selecionadas como embaixadora do programa em 2021.
Quilombola da comunidade Umarizal no Pará, ela atualmente reside em Palmas (TO) e estuda enfermagem na Universidade Federal do Tocantins (UFT). Assim como outros jovens, Ana Thereza recebeu uma bolsa para realizar os projetos, que englobam mapeamento das escolas da rede pública de ensino do país, além de apresentar o programa com a finalidade de formar novas parcerias e ministrar as atividades educativas para adolescentes de 13 a 17 anos. Os embaixadores possuem autonomia para desenvolver ações em outros estados.
Ana Thereza também fala sobre a importância do programa contemplar nesta última edição jovens de comunidades quilombolas e indígenas como ela: “os quilombolas e os indígenas, que são povos de comunidades tradicionais, têm esse direito de acesso à internet, assim como os cidadãos não pertencentes a essas comunidades. E, assim, como a população em geral, precisam de ter acesso à internet segura, educação e todos os outros meios que contemplam a sociedade”, afirma a embaixadora.
A estudante conta que em sua comunidade, por exemplo, não há sinal de todas as operadoras de telefonia móvel e que, para realizar chamadas telefônicas ou acessar os dados móveis, é necessário que a pessoa se desloque até um morro.
“O programa possui planos específicos, com modalidades de atividades que abrange pessoas com situação de internet menos efica. Pensando no acesso ao conteúdo, criamos modalidades via Whatsapp que exigem menos dados móveis. Distribuímos materiais impressos que são entregues a essas pessoas. Às vezes, as pessoas não possuem acesso constante, mas elas também são consumidoras e estão sujeitas aos males da internet”, reitera.
Os outros 12 embaixadores são do Amazonas, Rondônia, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Os embaixadores são bolsistas e recebem uma bolsa auxílio mensal de R$1500. As atividades de educação digital ministradas por cada um deles contam com mentoria e supervisão da SaferNet.
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A primeira edição do Cidadão Digital aconteceu em 2020, e cinco dos embaixadores do ano passado foram escolhidos para ajudar os selecionados deste ano, atuando como mentores na edição de 2021.
“Em 2020, tivemos o desafio de moldar o projeto para atender as necessidades do ensino remoto. As mentoras, ex-embaixadoras, se destacaram não apenas pela qualidade das atividades que realizaram, mas também pela criatividade, responsabilidade e ideias que trouxeram para o projeto”, explica Guilherme Alves, coordenador de engajamento de jovens da SaferNet.
Em 2020, o programa impactou com suas ações mais de 97 mil estudantes, por meio de 660 atividades que mobilizaram cerca de 61 mil educadores. A formação dos embaixadores contou com a produção de 457 conteúdos, que depois fizeram parte das atividades realizadas em 18 estados e no Distrito Federal.
O projeto foi um dos finalistas da WSIS Prizes 2021, uma premiação internacional concedida pela União Internacional de Telecomunicações, agência da Organização das Nações Unidas.