Dossiê do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ) mostra que as palavras mais utilizadas para ofender pessoas negras são termos ligados ao fenótipo racial, como a cor da pele, a textura do cabelo, o formato do nariz, além de religiões de matriz africana
Texto: Redação | Edição: Nataly Simões | Imagem: Fredy Vieira
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Pelo menos dois crimes de racismo são registrados, em média, todos os dias no Rio de Janeiro. Nos últimos dois anos, 2018 e 2019, mais de 1,7 mil pessoas denunciaram ataques racistas no estado. Os dados são do Dossiê de Crimes Raciais, elaborado por pesquisadores do Instituto de Segurança Pública (ISP) com base em três mil ocorrências policiais relacionadas a racismo.
Segundo o levantamento, o crime de racismo é praticado por pessoas que já conheciam a vítima na maioria dos casos. Esse tipo de crime também é comum no ambiente de trabalho. Em 2019, houve o registro de 68 casos desse tipo.
As palavras mais utilizadas para ofender pessoas negras são termos ligados ao fenótipo racial, como a cor da pele, a textura do cabelo, o formato do nariz, além de religiões de matriz africana. O dossiê também revela que as mulheres negras são 58,2% das vítimas.
De acordo com o G1, a presidente do Instituto de Segurança Pública (ISP), Marcela Ortiz, afirma que apesar dos índices altos ainda há subnotificação de crimes raciais no estado do Rio de Janeiro. “Nós acreditamos que há sim uma grande subnotificação a respeito desse crime justamente por conta do racismo ser algo tão estrutural na nossa sociedade”, diz.
Na capital fluminense, a Zona Oeste concentra a maioria das ocorrências de crimes de racismo. Os bairros com o maior número de vítimas no ano passado são Recreio (36), Barra da Tijuca (35), Taquara (23) e Campo Grande (20).
O Instituto de Segurança Pública espera que o dossiê seja o primeiro passo para o desenvolvimento de políticas públicas para o combate a crimes de racismo no estado. “Nós precisamos sair dessa postura passiva e começar a enfrentar de maneira efetiva o racismo. Não basta a pessoa não proferir ofensas raciais, é necessário que haja repressão quando isso é feito porque nós entendemos nesses casos que a omissão também é uma forma que o racismo se manifesta entre nós”, conclui a presidente do órgão.