O Instituto Juristas Negras (IJN) levou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) um debate sobre o racismo religioso contra praticantes de religiões afro-brasileiras no Brasil. A audiência temática aconteceu na manhã desta quinta-feira (6), de forma online, com transmissão ao vivo pelo site da Organização dos Estados Americanos (OEA).
O objetivo foi discutir as violações de direitos humanos sofridas pelos seguidores de religiões de matriz africana, como ataques a terreiros, violência física e discriminação em espaços públicos e privados.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Um levantamento realizado pela JusRacial aponta que, em 2023, haviam 176 mil processos por racismo em tramitação nos tribunais brasileiros, sendo que um terço (33%) envolvia casos de intolerância religiosa. Entre os episódios mais comuns estão ataques violentos, destruição de terreiros e discriminação em espaços públicos e privados.
Racismo religioso e negritude
A diretora-executiva do IJN, Monique Damas, destacou que a discriminação contra religiões afro-brasileiras vai além de questões teológicas. “O preconceito contra essas religiões é uma rejeição à negritude. Suas práticas e símbolos são frequentemente associados a algo ‘ruim’ ou ‘demoníaco’. Esse tipo de discriminação deve ser combatido pelo Estado Brasileiro”, afirmou.
O evento contou com a participação de especialistas e representantes da sociedade civil. As Yalorixás Wanda Araújo e Jaciara Ribeiro relataram casos de intolerância. Ribeiro é filha de Mãe Gilda de Ogum, líder religiosa cuja morte, em 2000, após sofrer racismo religioso, motivou a criação do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado em 21 de janeiro.