Durante a abertura da 2ª Conferência Nacional da Advocacia Negra, realizada na quarta-feira (23), o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti, afirmou que a integração da advocacia negra expôs o racismo recorrente nas estruturas da Justiça.
“Fóruns, delegacias, audiências, cartórios, milhares de advogados e advogadas negras enfrentam preconceito nesses espaços. O reconhecimento dessa realidade foi o primeiro passo”, disse Simonetti, segundo nota da OAB.
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O presidente ressaltou que abordar as relações raciais na advocacia exige repensar o mito da democracia racial no Brasil. “Somos um país miscigenado, mas essa pluralidade não elimina a desigualdade. A discriminação persiste, se esconde na diversidade”, afirmou durante o evento.
Simonetti defendeu que é essencial reconhecer o racismo e entender suas ramificações, explicando que essa foi a motivação para a realização do primeiro Estudo Demográfico da Advocacia Brasileira, o Perfil ADV. De acordo com o estudo, enquanto 55% da população brasileira se identifica como negra, apenas 33% da advocacia é composta por pretos e pardos, com a maioria desses profissionais estando entre os mais jovens.
O evento contou com a presença de representantes de movimentos sociais e comissões de igualdade racial das seccionais. Entre as realizações da OAB, Simonetti citou o apoio à validação das cotas raciais em concursos públicos e no ensino superior, além do reconhecimento histórico de Esperança Garcia como a primeira advogada negra do Brasil. “Esse reconhecimento não é apenas simbólico, mas uma reparação histórica”, afirmou.
Ainda segundo nota da OAB, Suena Mourão, presidente da Comissão Nacional de Promoção da Igualdade (CPIR) e a primeira advogada negra eleita conselheira federal pelo Pará, ressaltou que, embora sua posição seja resultado de políticas afirmativas, ainda há muito a ser feito para criar um ambiente inclusivo e transformador dentro da OAB.
Mourão destacou a importância de não apenas resistir, mas de deixar um legado que empodere as futuras gerações da advocacia. “A nossa presença não pode ser apenas simbólica; precisa representar uma transformação real e duradoura”, concluiu.