PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

RJ: escravizados que replantaram a Floresta da Tijuca são reconhecidos como heróis e heroínas do estado

O projeto resgata a memória da contribuição das pessoas negras, buscando combater o apagamento histórico da população no Brasil
Imagem do Parque Nacional da Tijuca no Rio de Janeiro em 20 de julho de 2018. Imagem do Parque Nacional da Tijuca no Rio de Janeiro em 20 de julho de 2018.

Imagem do Parque Nacional da Tijuca no Rio de Janeiro em 20 de julho de 2018.

— Tânia Rêgo/Agência Brasil

28 de março de 2025

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou o Projeto de Lei 605/23, que visa resgatar a história dos escravizados negros responsáveis pelo reflorestamento da Floresta da Tijuca e das Paineiras. A iniciativa da deputada Dani Monteiro (PSOL) tem como objetivo combater o apagamento histórico e preservar a memória da população negra no Brasil.

A proposta, aprovada na terça-feira (25), inclui no Livro dos Heróis e Heroínas do Estado do Rio de Janeiro os nomes de Eleutério, Constantino, Manoel, Mateus, Leopoldo, Maria, Sabino, Macário, Clemente, Antônio e Francisco.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Essas pessoas escravizadas na época foram responsáveis pelo maior esforço de reflorestamento da Floresta da Tijuca e das Paineiras, garantindo a recuperação dos mananciais que ainda abastecem a cidade do Rio de Janeiro. Atualmente, a Floresta da Tijuca é considerada referência mundial em recuperação ambiental.

Para a deputada Dani Monteiro, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, este reconhecimento é uma reparação mínima diante da imensurável contribuição dos povos escravizados para a construção não apenas da capital fluminense, mas também de todo o país.

“São heróis e heroínas sem registros de sobrenomes, que garantiram a própria sobrevivência e a de toda a cidade ao plantar mais de 100 mil árvores entre 1861 e 1874. Em uma sociedade que insiste em apagar a luta do nosso povo, é nosso dever resgatar essas memórias. Se hoje respiramos, se temos água, é porque eles resistiram. Não há justiça climática sem justiça racial”, comentou.

O replantio da Floresta da Tijuca é considerado um feito histórico e essencial para conter as crises hídricas que atingiam a então capital do Brasil, resultado do desmatamento provocado pela monocultura do café e da cana-de-açúcar. No entanto, a participação decisiva dos trabalhadores negros escravizados foi por muito tempo invisibilizada.

Dani Monteiro também destaca que o ato é uma celebração da memória e resistência da população negra na construção do país. “O Brasil sempre exaltou barões do café e engenheiros brancos, mas não os braços negros que seguraram este país de pé. Com esta inscrição no Livro dos Heróis e Heroínas do Estado, queremos reafirmar que sem os negros não há Rio de Janeiro, não há Brasil”, explicou.

Após a aprovação, os nomes foram oficialmente integrados ao Livro dos Heróis e Heroínas do Estado do Rio de Janeiro, criado pela Lei Estadual 5.808/10 para homenagear figuras de grande contribuição para a história do estado.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano