A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou o Projeto de Lei 605/23, que visa resgatar a história dos escravizados negros responsáveis pelo reflorestamento da Floresta da Tijuca e das Paineiras. A iniciativa da deputada Dani Monteiro (PSOL) tem como objetivo combater o apagamento histórico e preservar a memória da população negra no Brasil.
A proposta, aprovada na terça-feira (25), inclui no Livro dos Heróis e Heroínas do Estado do Rio de Janeiro os nomes de Eleutério, Constantino, Manoel, Mateus, Leopoldo, Maria, Sabino, Macário, Clemente, Antônio e Francisco.
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Essas pessoas escravizadas na época foram responsáveis pelo maior esforço de reflorestamento da Floresta da Tijuca e das Paineiras, garantindo a recuperação dos mananciais que ainda abastecem a cidade do Rio de Janeiro. Atualmente, a Floresta da Tijuca é considerada referência mundial em recuperação ambiental.
Para a deputada Dani Monteiro, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, este reconhecimento é uma reparação mínima diante da imensurável contribuição dos povos escravizados para a construção não apenas da capital fluminense, mas também de todo o país.
“São heróis e heroínas sem registros de sobrenomes, que garantiram a própria sobrevivência e a de toda a cidade ao plantar mais de 100 mil árvores entre 1861 e 1874. Em uma sociedade que insiste em apagar a luta do nosso povo, é nosso dever resgatar essas memórias. Se hoje respiramos, se temos água, é porque eles resistiram. Não há justiça climática sem justiça racial”, comentou.
O replantio da Floresta da Tijuca é considerado um feito histórico e essencial para conter as crises hídricas que atingiam a então capital do Brasil, resultado do desmatamento provocado pela monocultura do café e da cana-de-açúcar. No entanto, a participação decisiva dos trabalhadores negros escravizados foi por muito tempo invisibilizada.
Dani Monteiro também destaca que o ato é uma celebração da memória e resistência da população negra na construção do país. “O Brasil sempre exaltou barões do café e engenheiros brancos, mas não os braços negros que seguraram este país de pé. Com esta inscrição no Livro dos Heróis e Heroínas do Estado, queremos reafirmar que sem os negros não há Rio de Janeiro, não há Brasil”, explicou.
Após a aprovação, os nomes foram oficialmente integrados ao Livro dos Heróis e Heroínas do Estado do Rio de Janeiro, criado pela Lei Estadual 5.808/10 para homenagear figuras de grande contribuição para a história do estado.