O Tribunal de Justiça Militar (TJM) de São Paulo acolheu denúncia contra o sargento Thiago Guerra, de 39 anos, pelo assassinato da adolescente Victória Manoelly dos Santos, de 16 anos. O crime ocorreu em 9 de janeiro de 2024, durante uma abordagem policial no bairro de Guaianases, na zona leste da capital paulista.
A adolescente morreu após ser atingida por um tiro no lado direito do peito, disparado da arma do sargento. Segundo laudo da Polícia Técnico-Científica, a causa da morte foi hemorragia interna. O disparo ocorreu no momento em que o policial usava a pistola para dar uma coronhada em Kauê Alexandre dos Santos, 21 anos, irmão da vítima.
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Relato do policial
De acordo com o depoimento de Guerra, ele havia sido acionado para dar apoio a uma ocorrência de assalto, próximo à estação Guaianases da CPTM. Quatro suspeitos haviam roubado um eletricista e um deles, de 17 anos, foi apreendido em flagrante com a carteira da vítima nas proximidades da Praça Getúlio Vargas.
Segundo o PM, durante a perseguição, ele teria visto Kauê e Victória saindo da adega onde o jovem trabalhava. O sargento afirmou que ambos estavam correndo e que, ao se aproximar de Kauê, o rapaz teria desferido um tapa em sua mão, o que teria provocado o disparo acidental que atingiu a adolescente.
O jovem apreendido, no entanto, confirmou a autoria do assalto e afirmou que Kauê não tinha qualquer envolvimento com o crime.
Imagens da câmera corporal contradizem versão
O relato do sargento foi desmentido por imagens captadas pela câmera corporal que ele usava. Segundo a versão de Kauê, ele estava na adega com a irmã e amigos, após o expediente, e saiu para observar a movimentação policial. Foi então abordado pelo sargento, que o agarrou pela gola e desferiu uma coronhada com a arma. A pistola disparou e o tiro atingiu Victória.
Com base nas imagens da câmera, a Polícia Civil alterou a condição de Guerra de testemunha para autor do homicídio, e o sargento foi preso em flagrante ainda no mesmo dia. Posteriormente, a prisão foi convertida para preventiva, mantendo o policial detido no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital paulista.
A defesa do sargento Thiago Guerra recorreu à Justiça paulista e também ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), pedindo que ele respondesse ao processo em liberdade. Ambas as cortes mantiveram a prisão preventiva, baseando-se nas evidências documentadas e na gravidade dos fatos.
O processo agora segue em tramitação na Justiça Militar, com o PM respondendo por homicídio.
Texto com informações do veículo Metrópoles.