Em mensagem para o Dia Internacional das Pessoas Afrodescendentes, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, solicitou que os países declarem uma segunda Década Internacional para Pessoas de Descendência Africana, a ser executada de 2025 até 2034.
A primeira década foi proclamada pela organização em 2015, para a promoção dos direitos das pessoas negras e fortalecimento de marcos legais de combate à discriminação racial ao redor do mundo.
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O chefe da ONU alertou sobre as consequências deixadas pelo período escravista e colonizatório, que classificou como “legado intolerável”. Guterres pediu aos Estados-membros que declarem um segundo decênio para acelerar os esforços globais antirracistas.
No comunicado, o secretário-geral requisitou aos governos que implementem novas políticas e leis para a garantia da inclusão e o combate ao racismo sistêmico, destacando a importância da justiça reparatória para lidar com os crimes cometidos pelas nações durante a escravidão.
Primeira Década Internacional de Afrodescendentes
O mês de abril marcou o fim da primeira década internacional, nos temas de desenvolvimento, justiça e reconhecimento. Um balanço das ações realizadas pelas nações foi realizado por integrantes de organizações internacionais de direitos humanos e combate ao racismo durante o Fórum Permanente para Afrodescendentes da ONU em Genebra, na Suíça.
No Fórum, os representantes da comunidade negra apontaram falhas nas ações dos primeiros dez anos e solicitaram a criação de uma segunda década. O pedido foi reforçado pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que representou o governo brasileiro na reunião.
Entre as frustrações, o sentimento relatado por ativistas que compuseram o Fórum é de desapontamento com as medidas tomadas pelos Estados-membros, apontadas como insuficientes. Pouco compromisso, baixo incentivo, falta de mobilização de recursos são alguns dos pontos críticos que marcaram o período.
Em entrevista à Alma Preta durante o evento, a ex-vice-presidente da Costa Rica e antiga integrante do Fórum Permanente, Epsy Campbell, comentou sobre a importância de se declarar uma segunda década.
“Os resultados da primeira década são insuficientes. Em alguns casos houve retrocessos importantes, mas conseguimos um importante reconhecimento, pois poucos desconhecem hoje a existência de milhões de afrodescendentes pelo mundo. Mas a segunda década deve envolver compromissos, com planos, orçamentos e metas essenciais para mudar vidas e dar dignidade a essas populações”, declarou Campbell.