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Sem apresentar armas de suspeitos, policiais atiram 17 vezes e matam jovem negro

Policiais alegaram que acusados de assalto tinham armas de grande alcance, mas não apresentaram o armamento dos envolvidos; vítimas também não viram as armas
Imagem mostra viaturas das polícias de São Paulo.

Foto: Reprodução/SSP

6 de novembro de 2023

Policiais militares atiraram 17 vezes em suspeitos de cometer assalto a uma residência na região da Vila Galvão, em Guarulhos (SP). O caso ocorreu em 30 de agosto e resultou na morte do jovem negro Matheus Honorio, de 23 anos. Os PMs alegaram que os alvos carregavam “armas longas”, mas não localizaram o suposto armamento, como foi descrito no Boletim de Ocorrência (BO).

Depois de deter parte dos suspeitos, os policiais não encontraram armas de fogo com os suspeitos. Em depoimento, os moradores da casa relataram que os assaltantes afirmavam estar armados, mas eles disseram não terem visto nenhuma arma. 

Na tentativa de fuga, dos seis suspeitos, quatro entraram em um carro, outro evadiu a pé na mesma direção do carro, e outro homem fugiu em sentido contrário. Este último permanece como foragido. Matheus Honório estava dentro do veículo, foi baleado, e quando a polícia deteve o carro, ele já havia falecido. Durante a fuga, os policiais relataram no Boletim de Ocorrência que as “armas de fogo utilizadas foram jogadas pela janela durante a perseguição”, que não foram identificados ou mesmo localizados pela polícia depois do fato. 

As imagens de câmeras de segurança mostram os homens entrando no veículo, na tentativa de fugir dos policiais. Os rapazes estão encapuzados e, pelas imagens, não há como averiguar se estavam armados. As câmeras evidenciam os policiais próximos disparando contra os suspeitos, que não reagem e imprimem fuga.

Outro integrante do grupo que evadiu a pé foi baleado e pediu ajuda para uma pessoa na rua, que o deixou no Hospital de Heliópolis, na Zona Sul da capital paulista. A polícia foi acionada e fez a prisão após o homem receber alta médica. O outro indivíduo, que correu na direção contrária do carro em fuga, ainda não foi localizado.

Todos os envolvidos foram levados para audiência de custódia e tiveram o pedido de prisão preventiva determinado pela juíza Gabriela Bertoli. Um adolescente participou da ação, confessou o crime e foi enviado para uma unidade da Fundação Casa. O Boletim de Ocorrência foi registrado pelo delegado Thiago Biali, no 26º Distrito Policial do Sacomã.

O caso

Policiais militares foram acionados por moradores de uma residência, na região da Vila Galvão, em Guarulhos, depois de um grupo invadir a casa. Os moradores contam que escutaram barulhos no local, quando uma das pessoas viu a entrada de criminosos, que logo a abordaram.

Um dos moradores conseguiu se trancar em outro cômodo e ligar para a polícia. Quando perceberam que a polícia havia sido acionada, os criminosos fugiram e logo se depararam com os agentes de segurança. No DP, os envolvidos confessaram o crime de assalto para os agentes de segurança. O carro utilizado para fuga era produto de roubo e houve adulteração da placa do automóvel. 

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) afirmou que “o caso é investigado por meio de inquérito policial no Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP) de Guarulhos”.

Segundo a pasta, a unidade “realiza diligências visando o encontro e prisão do foragido. A PM também investiga todas as circunstâncias dos fatos por meio de Inquérito Policial Militar (IPM)”.

  • Pedro Borges

    Pedro Borges é cofundador, editor-chefe da Alma Preta. Formado pela UNESP, Pedro Borges compôs a equipe do Profissão Repórter e é co-autor do livro "AI-5 50 ANOS - Ainda não terminou de acabar", vencedor do Prêmio Jabuti em 2020 na categoria Artes.

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