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Guarda Civil que agrediu mulher trans é afastado do cargo

O caso aconteceu na região da Cracolândia e um vídeo mostra o momento em que o guarda atinge as costas da vítima com um cassetete, que quebrou com o impacto da agressão; CPI da Transfobia também apura o caso.

Texto: Redação | Foto: Reprodução/CNN Brasil

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4 de outubro de 2021

O guarda civil que foi flagrado agredindo uma mulher negra e trans na região da Cracolândia, no centro de São Paulo, será afastado do cargo, segundo confirmação da Guarda Civil Metropolitana de SP, que não divulgou o nome do agente. A agressão aconteceu na última quinta-feira (30), e um vídeo registra o momento em que o guarda corre atrás da vítima e a agride com um cassetete, que quebra com o impacto da pancada nas costas da vítima, identificada como Laura Cruz.

Integrante do Coletivo Tem Sentimento, Laura contou que estava na região para fazer a retirada de doações para o grupo, que atua com o acolhimento de mulheres trans e cis em situação de vulnerabilidade. No momento da abordagem, ela estava com uma sacola e foi questionada sobre o que estava carregando, quando decidiu jogar a sacola no chão. Logo após, ela foi atingida com o cassetete e correu para fugir das agressões.

O caso tem sido apurado pela CPI da Transfobia, instaurado para investigar casos de violência contra pessoas trans e travestis, na Câmara Municipal de São Paulo. Laura Cruz é atriz e gravou um vídeo depois das agressões que sofreu. No vídeo, ela diz que o ataque foi transfóbico, homofóbico e racista.

“Tentaram me oprimir, me discriminar, as pessoas da GCM [Guarda Civil Metropolitana] me bateram com cassetete, tanto que o cassetete do policial quebrou, e gás de pimenta no rosto. Expuseram meu corpo, até fiquei com a bunda de fora porque tive que levantar meu vestido, sendo que eu só estava com uma sacola de roupa para pessoas em situação de vulnerabilidade”, narra a atriz, que já registrou um boletim de ocorrência.

Em nota, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) informou que “o servidor envolvido foi afastado das atividades operacionais” e que não compactua com atitudes que desrespeitam os direitos humanos. Disse também que os fatos estão sendo apurados por meio de “regramento próprio”.

Mulheres trans e negras são as maiores vítimas da violência

Segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 89 pessoas trans morreram no Brasil só no primeiro semestre de 2021. Desse total, 80 mortes foram por assassinato e 9 por suicídio. Conforme a Antra, as maiores vítimas fatais da violência são mulheres travestis e trans e negras.

Além disso, o levantamento também aponta que, nos primeiros seis meses de 2021, houveram 33 tentativas de assassinatos, como estupro coletivo, corpos incendiados e espancamentos; e 27 violações de direitos humanos por tratamentos vexatórios e ausência de respeito nos mais diversos espaços civis e institucionais.

“O território das cidades não apresenta a mesma estrutura de oportunidades para as pessoas trans, resultando em diversas fragilidades que colocam nossa comunidade na exclusão social e, consequentemente, exposta a todo tipo de violência”, diz a Antra em um trecho da pesquisa.

Leia também: Co-vereadora defende mulher de agressão e é chamada de ‘macaca’ e ‘suja’

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