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Cinema periférico resiste em meio às adversidades da cultural nacional

27 de fevereiro de 2020

Produção audiovisual da periferia da zona leste de São Paulo realiza campanha de financiamento coletivo

Texto / Simone Freire | Imagem / Jesu Severo | Edição / Pedro Borges

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“Saudade” é um curta metragem simples e sensível que conta a história de quatro amigas e suas relações em várias etapas da vida. Dirigido, protagonizado e produzido por coletivos, organizações e artistas periféricos de São Paulo, a obra está com uma campanha de financiamento coletivo aberta até dia 6 de março.

O dinheiro arrecadado será para remunerar, minimamente, a equipe de produção e elenco, bem como transporte, alimentação e a equipe de filmagem, edição e finalização do curta.

“Fazer filme periférico é encher uma laje na quebrada. Chamar os aliadxs, ‘bota’ água no feijão que a gente vai fazer o teto da casa! Não seria possível realizar mais esse filme sem uma rede de coletivos que toparam a proposta”, conta Andrio Candido, diretor e roteirista.

O protagonismo do filme é de mulheres negras e homens negros, bem como da população LGBTQ+ e periféricos de forma geral. “Cada grupo, indivíduo e artista teve autonomia para atuar livre na sua criação, extrapolando e superando o que eu havia imaginado e proposto. E que bom… fazer filme é isso. É uma obra coletiva e a periferia tem muito a ensinar pro mundo sobre coletividade, sabe. Aliás somos escola de coletividade”, diz Andrio.

Cenário nacional

A campanha de financiamento coletivo foi a alternativa encontrada pelo diretor para dar sequência na produção, uma vez que o acesso a editais e financiamentos públicos está cada vez mais difícil, principalmente para produções negras e periféricas.

O governo do presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, tem diminuído investimentos na área. Para 2020, o governo propôs um projeto ao poder legislativo que corta em 43% o orçamento do Fundo Setorial do Audiovisual, passando de R$ 650 milhões para R$ 300 milhões.

Em setembro do ano passado, a Agência Nacional do Cinema (Ancine) também suspendeu a concessão de apoio financeiro para os filmes com temática LGBT+ e o ministro da Cidadania barrou o processo de seleção de séries com temática LGBT+ pré-selecionadas para um edital para TVs públicas. A própria Ancine também chegou a ser ameaçada de extinção pelo presidente.

“Estamos sentindo os baques sim, mas descendemos de quilombolas, sempre existimos e existiremos”, diz Andrio. “Não ficaremos esperando o recurso financeiro ideal para realizar a produção deste filme, como nada na vida, iremos criar estes recursos, provocá-los, atraí-los, vamos buscá-lo e ou barganha-lo”, diz.

A campanha de financiamento está ativa no site Kickante. Para saber mais sobre e colaborar acesse aqui.

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