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Demonização da cultura indígena é apontada em filme de terror nacional

Com lançamento marcado para o final deste mês, o longa “Curupira - O Demônio da Floresta” já é alvo de críticas por retratar figura histórica de povos tradicionais de forma negativa

Texto: Redação I Edição: Lenne Ferreira I Imagem: Divulgação/O2 Play Filmes

Demonização da cultura indígena é apontada em filme de terror nacional

20 de outubro de 2021

Antes mesmo de ser lançado, o mais novo longa-metragem de terror nacional, intitulado “Curupira – O demônio da Floresta”, não foi bem aceito após o trailer divulgado na última semana. Gravada no Maranhão, a produção, que conta com direção de Erlanes Duarte, virou alvo de críticas nas redes sociais e até recebeu nota de repúdio por retratar a figura histórica dos povos tradicionais de forma negativa. 

De acordo com o trailer apresentado, o filme narra a história de seis jovens que vão passear em uma ilha e lá se surpreendem com a presença de um ser, o “curupira” que, com o tempo, passa a persegui-los. Todos eles tentam se safar do curupira, podendo contar apenas com a ajuda de um caçador. Ao final, o resumo do longa convida a conhecer “o lado sombrio da lenda”. 

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A narrativa não foi bem recebida após divulgação nas redes e gerou comentários como “colonialismo é o verdadeiro demônio da floresta, o garimpo, a grilagem, o agronegócio. Não um encantado”,  “que subtitulo ridículo e racista” e “o verdadeiro horror nas matas brasileiras é outro e a gente sabe quem”. Alguns internautas até chegaram a apontar que a veiculação da produção estaria relacionada à promoção do racismo religioso contra à população indígena. 

Em entrevista ao GLOBO, o cineasta responsável por dirigir o longa afirmou que as pessoas precisam esperar a estreia e respondeu às críticas declarando que muitos estão julgando “o livro pela capa”. Erlanes acrescentou que o filme, para ele, promove um grande debate sobre como a natureza responde aos maus tratos do homem. 

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Além dos comentários negativos, “Curupira – O demônio da Floresta” recebeu uma nota de repúdio lançada pela produtora cultural e audiovisual negra periférica da Amazônia, Negritar Filmes e Produções. Veiculado nas redes sociais, o texto aponta que é inaceitável que uma equipe produza um filme que demoniza as narrativas da Amazônia, colocando as culturas e entidades indígenas e afrodescendentes em posições antagônicas e desrespeitando-as sem levar em consideração que elas fazem parte do nosso sagrado.

“Somos do Norte. Aqui, Curupira não é demônio. Queremos gente preta, indígena e nossas entidades amazônidas retratadas com respeito e o mínimo de conhecimento”, declarou a produtora. 

As produtoras Raça Ruim Filmes, Lengo Studius, Guarnicê Prouções e a distribuidora O2 Play Filmes, que são responsáveis pelo andamento da produção, não se posicionaram publicamente até o fechamento da matéria. 

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