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Edi Rock: O rap é a trilha sonora do enfrentamento ao racismo

27 de novembro de 2020

Em entrevista ao Alma Preta, o músico falou sobre o processo de criação do seu mais recente álbum solo, produzido e lançado durante a pandemia

Texto: Juca Guimarães e Pedro Borges I Edição: Nataly Simões I Imagem: Leonardo Muniz

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O mais velho integrante dos Racionais MCs, Edi Rock, de 52 anos, passou parte do isolamento social decorrente da pandemia da Covid-19, o novo coronavírus, no processo de criação do álbum “Origens 2: Ontem, Hoje e Amanhã”, o quarto trabalho paralelo do músico.

“Não posso dizer que foi prazeroso porque foi feito durante a pandemia. É uma neurose, você está em isolamento social, trancado, numa pressão. Mas foi satisfatório pelo resultado final. Eu consegui fazer as coisas, consegui me inspirar e também consegui fazer coisas que, em tempos normais, eu não conseguiria fazer, principalmente no que diz respeito a reflexões e letras. Tem um som inovador e pesado que talvez eu não chegasse nele sem o isolamento”, conta o músico, em entrevista ao Alma Preta.

O novo álbum é fortemente inspirado em histórias pessoais e na visão que Edi Rock tem da música e do seu comprometimento como artista e homem negro. “No conceito do álbum, eu pensei em origens. A minha origem é um resgate das minhas raízes. Não só da raça, da música também. Eu era DJ. Eu até tentei dançar break, mas eu era mesmo DJ, no começo, e isso se destaca, fala mais forte”, pontua o músico.

Em 2013, Edi Rock lançou o disco “Contra Nós Ninguém Será”, com várias participações especiais como a de Seu Jorge, Mano Brown, Rael, Emicida, Lino Krizz, KL Jay, Ice Blue, Vanessa Jackson e RZO. Em 1999, ele já tinha feito a experiência solo ao lançar o EP “Rapaz Comum 2”.

Já em 2019, o artista colocou no mundo o álbum “Origens” com uma proposta inovadora e que se desdobra agora, em 2020, na segunda parte do trabalho. Para Edi Rock, o rap tem um papel político e de compromisso com o combate ao racismo.

“O rap foi a ponta de lança nas ideias de luta, de mover-se, de sair do lugar e buscar o autoconhecimento e a superação. Foi pioneiro também na solidariedade, na união e no compartilhamento. O rap é um soco, é uma força. É a trilha sonora da necessidade diária do enfrentamento”, avalia o rapper.

Ainda de acordo Edi Rock, o novo álbum traz um peso e uma temática alinhada ao legado dos Racionais MCs, porém também aponta para uma nova fase do movimento hip-hop que ainda está por vir.

“É um túnel do tempo. Você vai ver coisas em um formato que a gente já fez, mas com uma linguagem atual. Músicas sobre assuntos que ainda continuam acontecendo. Tem também uma parte que não vai ser entendida agora, que ninguém ainda não fez e mais pra frente é que vão entender. Só daqui a algum tempo. Por isso, o nome do disco é Origens: Ontem, Hoje e Amanhã”, finaliza.

Assista o videoclipe de “Origens 2: Ontem, Hoje e Amanhã”:

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