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‘Era considerado um cara burro e mostrei um Mano Brown estudioso’, diz cantor sobre podcast

Declaração foi dada em entrevista coletiva do ‘Mano a Mano’, produção do rapper em parceria com o Spotify Studios, que chega à segunda temporada; com o formato de mesa redonda, a nova roupagem do podcast estreia nesta quinta-feira (24)

Imagem mostra o rapper Mano Brown em fundo preto segurando um boné da mesma cor e olhando diretamente para a câmera

Foto: Imagem: Divulgação / Pedro Dimitrow

23 de março de 2022

Mudar os rumos da informação por meio do diálogo, é isso que o rapper Mano Brown, com mais de 30 anos de carreira, deseja em sua nova fase. Em trocas com personalidades brasileiras, o artista revela uma nova faceta dentro da comunicação e repercute seu importante papel social para além da música. Sucesso no Spotify com a primeira temporada – tendo o título de episódio mais ouvido dentro da plataforma de streaming em 2021 -, o ‘Mano a Mano’ chega à segunda temporada nesta quinta-feira (24). 

Em recente coletiva de imprensa, uma das perguntas chaves respondidas pelo rapper foi o que teria mudado na sua carreira e trajetória após se aproximar das redes sociais e explorar formatos novos de comunicação, como o podcast. 

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“Uma coisa que me perturbava eram as situações onde as pessoas me colocavam em um lugar muito marginal, extremamente ignorante e intransigente. Algo que eu nunca fui. Era obrigado a conviver com a alcunha de um cara burro, sabe? Na minha carreira, tive que conviver com a desconfiança sobre a minha intelectualidade. Hoje, as pessoas se surpreendem por falar sobre outros assuntos. Eu falo de signo também, pô. Sou taurino!”, brincou. 

O rapper complementa e diz que se reinventa com o novo formato e desconstrói a figura atribuída a ele em toda sua trajetória nos palcos e na mídia. Brown ainda adianta que, para a nova temporada, vai se apresentar ainda mais aberto às temáticas e às suas opiniões. Um diálogo objetivo e que chegue ao máximo de ouvintes. 

“É por isso que procuro não ser o mesmo do rap, do imaginário, quando estou gravando lá. Na primeira temporada, mostrei um Mano Brown que é estudioso, interessado em muitos assuntos, fora do óbvio, que não fala só sobre os três ou quatro assuntos ‘chavão’. Busquei falar de outros, como a teologia, por exemplo. Para a segunda temporada, pretendo estar aberto ainda mais. O podcast surgiu dos estudos, então vamos explorar muito mais assuntos”, adianta. 

Diferente da primeira temporada que, ao longo de 16 episódios, contou com a participação de 19 personalidades, desta vez o podcast também inova na quantidade de convidados. Na segunda temporada, o ‘Mano a Mano’ deve reunir mais entrevistados, uma vez que a nova fase explora a ‘mesa-redonda’ em mais episódios, trazendo mais de um convidado ao mesmo tempo sentando à mesa com Brown. Entre os nomes já confirmados, estão o rapper Emicida, primeiro convidado da temporada, o neurocientista Sidarta Ribeiro e os jornalistas especialistas em segurança pública Cecília Oliveira e André Caramante.

Questionado pela rapper Karol Conká – que participou da temporada anterior, tendo um expressivo número de plays – sobre como lida com a admiração e curiosidade das pessoas em relação a ele quando estão sendo entrevistadas, Brown revelou a fórmula. 

“Tento usar ao meu favor, criando um clima de amizade de uma forma que a pessoa não se sinta acuada e nem intimidade por esses fatores. Quero que saibam que estão lá por também terem a minha admiração. Na verdade, não só a minha, mas das pessoas que também fazem o ‘Mano a Mano’, ou seja, uma admiração nossa como um todo. Mesmo quando a gente não concorda, a gente tem interesse no que a pessoa convidada pensa e tem para falar”, conta. 

Intergeracionalidade

Como balanço da última temporada no quesito perfil de ouvintes, o ‘Mano a Mano’ conseguiu identificar que o público, em sua maioria, é formado por pessoas periféricas e jovens. Para Brown, esse dado é sinônimo de felicidade por conseguir estabelecer um diálogo entre gerações; um tempo que, para ele, é de troca e que versa sobre os pilares da linguagem que ele identifica junto à periferia: de inteligência, sobrevivência, que se apega à informação útil para se projetar em algo melhor.

“Acho legal ter 51 anos e estar conversando com quem me viu fazendo rap. Tenho diálogo legal com os caras que me lançaram e que esperam uma continuidade dos meus posicionamentos, das minhas ideias e, ao mesmo tempo, conseguir chegar na molecada. Bacana juntar tantas gerações, são poucas coisas que conseguem fazer isso além do futebol. Entendo que não adianta saber tudo e não estar próximo dessa molecada. Não concordo com idolatria e acredito que, maior do que nós, é a causa”, defende Brown. 

O rapper ainda complementa respondendo sobre se já imaginava ser inspiração para novos criadores de conteúdo na internet, principalmente no formato de podcast.

“Cara, se minha disposição em fazer um podcast serviu para mais criadores e mais conteúdo, eu fico feliz. Se você vê que, a partir de você, outras ideias estão surgindo também, fico feliz. Acredito que o conhecimento tem que ser compartilhado e é a nossa função, de quem está na mídia emitindo opiniões, compartilhar e não concentrar. Falar com respeito e atingir o entendimento do maior número de pessoas é o que faço. Então, fico feliz”, afirma.

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Detentor do título de episódio de podcast mais ouvido no Spotify em 2021, Mano Brown traz persoanlidades dos mais diversos segmentos e, para a segunda temporada, promete formato mesa-redonda e temas diversos como: neurociência, comédia e saneamento básico

Questionado sobre quais dicas pode dar à alguém que está começando no formato, Mano Brown reitera a importância da tradução didática da informação para um alcance maior de ouvintes. Para o artista, quanto mais diverso o público, melhor, e defende ainda um perfil de conversa semelhante ao de um companheiro para um companheiro, e não de um professor para aluno.

Com isso, Brown promete seguir em uma linguagem simples, direta, de abordagem prática para a vida de cada um. O rapper defende que os jovens, por exemplo, já escutaram conversas ‘romantizadas’ e ‘poéticas’ das outras outras gerações, mas, hoje, sentem a necessidade de discutirem os assuntos de forma mais urgente, principalmente pela realidade mais conectada e com várias informações chegando ao mesmo tempo.

“Já entendi que o diálogo precisa ser prático e objetivo. Até quando os assuntos são mais complexos, eu tento trazer um entendimento para todos. Trago um entendimento que o cara pode estar descarregando um caminhão e ouvindo, entendendo e se reconhecendo na ideia. Não falo para professores, estudiosos, mas para todos. Sobre a juventude, é falar com eles e deixar que falem. Se ele não te entenderem, faça entender”, dispara. 

No radar

Além dos nomes já confirmados, as principais perguntas dos internautas, que também participaram da coletiva, eram sobre quais outras personalidades que, mesmo não presentes nesta nova temporada, estariam no radar. Brown revelou com quem tem interesse de gravar.

Um dos nomes que o rapper adianta é o do rei do futebol brasileiro, o Pelé. Para a surpresa dos ouvintes, Brown conta que a personalidade do esporte foi convidada, mas vários entraves, como em relação à saúde do jogador e do cenário de pandemia, inviabilizaram a gravação. No entanto, para o artista e a produção, Pelé segue como convidado e deve responder sobre questionamentos levantados em sua trajetória, além de suas conquistas. 

Da cultura, o músico e multiartista Seu Jorge também foi revelado como possível entrevistado do ‘Mano a Mano’. Brown reiterou seu interesse e afirmou a vontade de conversar sobre negros fora do país, nas telas e nos palcos, ditos como necessários a serem abordados no programa pelo rapper durante entrevista.

Já na política, Brown relembra a participação do ex-presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, que foi sinônimo de sucesso no número de ouvintes e que, pessoalmente, foi de um aprendizado sobre trajetória, aceitação, como ser uma figura de herói e lidar com a ‘memória curta’ do país, como declara Brown. O interesse em chamar mais figuras do cenário político nacional permanece e o rapper não escondeu a vontade de chamar a ex-presidenta Dilma. 

“A Dilma tem muito a acrescentar no ‘Mano a Mano’, principalmente por ser, ao meu ver, uma das mulheres mais injustiçadas na história do Brasil”, disparou Brown.

Além dos possíveis convidados revelados, Brown finaliza adiantando que deve expandir o diálogo ainda nesta temporada com temas até então não explorados: segurança pública, saneamento básico, neurociência, comédia e mais. Além de discutir temas relevantes e de curiosidade popular, o rapper também promete dar um jeito de revelar o lado mais pessoal do convidado e da sua própria história. 

Com direção criativa de Spotify Studios e GANA e produção de Spotify Studios, MugShot e Boogie Naipe, ‘Mano a Mano’ é um podcast Original Spotify. Para acompanhar a segunda temporada, a estreia está marcada para esta quinta-feira, 24 de março, grátis, só no Spotify.

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