O Sesc Copacabana recebe o espetáculo “Jacinta – você só morre quando dizem seu nome pela última vez” produzido pela Companhia do Pássaro – Voo e Teatro de SP. A peça em curta temporada estará em cartaz até 6 de abril, na capital fluminense, com o objetivo de combater o apagamento histórico da população negra.
O espetáculo revisita a história real de Jacinta Maria de Santana, mulher negra exposta por quase 30 anos em uma sala na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo(USP).
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Jacinta teve seu corpo exposto e utilizado como objeto de pesquisa e depois para trotes dos alunos da faculdade de medicina. Enquanto o professor responsável pelo seu processo de desumanização teve o nome eternizado em uma rua da Vila Mariana, bairro majoritariamente branco da cidade, Jacinta só foi enterrada após a morte do médico.
Para o diretor e escritor, Dawton Abranches, a narrativa é construída para evidenciar o reflexo da desigualdade social, além de resgatar a história de pessoas negras.
“A trama do espetáculo é desenvolvida justamente no sentido de mostrar os reflexos do passado sobre o presente e o futuro. Inspirados nos primórdios do Afrofuturismo de Sun Ra, tentamos imaginar outro lugar possível, onde Jacinta pudesse renascer. Pareceu-nos que nada melhor do que esse lugar fosse o teatro”, explica o diretor.
No palco, os atores Gislaine Nascimento e Alessandro Marba dão vida à narrativa, acompanhados pela musicista Camila Silva, que executa a trilha sonora ao vivo no cavaquinho e na cuíca, evocando o universo do samba.
A peça ‘“Jacinta” faz parte do segundo ato da Trilogia do Resgate, iniciativa da Cia do Pássaro que busca resgatar figuras negras marcantes na história brasileira. O projeto teve início em 2016 com “Baquaqua – Documento Dramático Extraordinário”, que conta a trajetória de Mahommah Baquaqua, africano escravizado que passou pelo Brasil no século 19.
A obra ainda apresenta o caso de Jacinta para discutir temas como sexismo, racismo e a eugenia no Brasil. A produção é contemplada pelo edital Sesc RJ Pulsar 2024/25 e com produção da Plataforma Estúdio de Produção Cultural.
Para a construção do espetáculo, foram utilizadas referências teóricas para a montagem, como “O Pacto da Branquitude”, de Cida Bento, “Performances do Tempo Espiralar”, de Leda Maria Martins, além de “Tornar-se Negro”, de Neusa Santos Souza.
Serviço
Data: até 6 de abril
Horário: de quinta a domingo, às 19h
Local: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro – R | Multiuso do Sesc Copacabana
Ingressos: R$10 (credencial plena Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira)
Bilheteria – Horário de funcionamento: Terça a sexta – de 9h às 20h; sábados, domingos e feriados – das 14h às 20h.
Classificação indicativa: 18 anos
Duração: 90 minutos