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Exposição entrelaça o feminino sagrado com o decolonialismo afro-brasileiro

Disponível no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), em Salvador, mostra remete à trajetória de povos africanos para as Américas e sua resiliência espiritual inquebrantável
Exposição entrelaça o feminino sagrado com o decolonialismo afro-brasileiro

Foto: Thales Leite/Divulgação

8 de dezembro de 2024

A exposição “Òná Ìrín: Caminho de Ferro”, da artista baiana Nádia Taquary, desponta como atração cultural integrada ao circuito nacional do turismo histórico. A mostra documenta a intrincada conexão entre o feminino sagrado e os fluxos que sustentam a dinâmica da vida. A instalação pode ser visitada no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), localizado em Salvador (BA).

Em Iorubá, Òná Ìrín significa “caminho de ferro”, remetendo à trajetória de povos africanos para as Américas e sua resiliência espiritual inquebrantável. A exposição elege o trânsito ferroviário intenso como metáfora, com linhas de trem que se multiplicam em infinitos destinos, perspectivas e encruzilhadas, para celebrar a poética do movimento e da comunicação, onde o orixá Exu se alimenta, e da tecnologia, reverenciada na figura de Ogum, para que todos os caminhos se abram.

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Conectada ao movimento vital, a mostra também estende as homenagens às Ìyàmi Aje, figuras místicas que representam o poder feminino africano. Associadas a figuras como Iemanjá e Oxum, essas deidades são evocadas para discutir o empoderamento das mulheres nas sociedades pré-coloniais africanas e na diáspora.

Outro destaque da exposição, vinculado ao universo feminino negro, são as joalherias afro-brasileiras, arbitrariamente conhecidas de “joias de crioulas”. É como são conhecidos os balangandãs, adornos robustos que carregam o metal em sua composição, usados por mulheres negras no Brasil colonial, em especial na Bahia. Essas peças são marcadores de poder, identidade e espiritualidade.

Contemplação

A arquitetura expositiva, assinada por Gisele de Paula, utiliza instalações de trilhos ferroviários para evocar o movimento e a tecnologia. Linhas férreas repetidas sugerem uma jornada infinita de lutas e resiliência negras. Esculturas de mulheres aladas e sereias, como a representação de Iemanjá, reforçam a conexão dos poderes femininos com os ancestrais.

Tons escuros e elementos metálicos destacam a riqueza cultural africana e sua diáspora. O uso de espelhos multiplicam as imagens da sala expositiva, convidando o público a uma experiência caleidoscópica e imersiva.

Para Nádia Taquary, a exposição é uma celebração das raízes africanas e um diálogo entre espiritualidade afro-brasileira. “Sacralizar o ferro e invocar símbolos como Ogum e as Ìyàmi Aje é destacar a complexidade da ancestralidade africana e sua relevância no presente”, avalia a artista.

A artista plástica baiana Nádia Taquary é aclamada por sua linguagem estética que celebra a ancestralidade afro-brasileira e a cultura de resistência do povo negro. Com uma técnica singular que mescla escultura e simbolismo, suas obras utilizam materiais como madeira, cordas e metais, remetendo a ornamentos e tradições do candomblé.

Taquary cria trançados, colares e formas que evocam elementos de poder e proteção, inspirados nos adornos e símbolos das religiões de matriz africana. Cada peça, cuidadosamente moldada, assume uma dimensão ritualística e narrativa, reafirmando a arte como espaço de memória e identidade afro-brasileira.

SERVIÇO

Local: MUNCAB (Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira)

Endereço: Rua das Vassouras, 25, Centro Histórico de Salvador, Bahia

Encerramento: 23 de março de 2025

Visitas ao MUNCAB: Terça a domingo, das 10h às 17h (último acesso às 16h30)

Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia) – No Sympla

Gratuidade: Quartas-feiras e domingos

Classificação indicativa: Livre

  • Redação

    A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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