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Livro de estreia de autora negra traça retrato dos afro-americanos

Poeta e multiartista, Tara M. Stringfellow publica romance que retrata conexões e cultura dos afro-americanos
A autora Tara M. Stringfellow lendo seu livro de estreia "Memphis".

Foto: Justin Fox Burks

3 de janeiro de 2024

Setenta anos separam três vozes que se movem para trás e para frente no tempo. É a partir desta fluência cronológica que “Memphis”, o livro de estreia da poeta Tara M. Stringfellow traça um retrato sobre legados de pessoas negras. Publicada pelo selo Tordesilhas, a obra apresenta um recorte da complexidade familiar e social vivenciada por afro-americanos: brutalidade e justiça, e perdão, sacrifício e amor.

Com destaque às perspectivas narradas pelas personagens Joan, Miriam, August e Hazel, a autora desenvolve a história em meio a um contexto de racismo sistêmico. Isso ocorre a partir de eventos marcantes em Memphis, nos Estados Unidos, como a greve dos trabalhadores do saneamento que atraiu Martin Luther King Jr. para a cidade.

No desdobramento desta trama, que ganhou uma edição exclusiva para a TAG Curadoria em 2023, Stringfellow intercala capítulos do presente com flashbacks que revelam detalhes sobre a ancestralidade das protagonistas.

A história começa em 1995, quando Miriam foge com as filhas (Joan e Mya) de um casamento violento, retorna à casa de infância – agora ocupada pela irmã e pelo sobrinho – e dá início a um período de oito anos em que todos compartilham o mesmo teto. Mas essa não é a primeira vez que a violência altera o rumo da trajetória da família. Meio século antes, o avô de Joan construiu uma casa no histórico bairro negro de Douglass e foi linchado dias depois de se tornar o primeiro detetive negro da cidade.

“Eu tinha ouvido tia August dizer a mamãe que a maioria dos brancos fugira para o campo no início da década, para os campos de algodão do condado de Shelby e suas escolas só para brancos. Às vezes eu achava que as gangues eram uma bênção de certa forma. Fizeram Memphis se tornar negra. Totalmente. Homens e mulheres negros corriam por essas ruas sem um branco à vista — um alívio”, diz trecho da obra.

Os segredos familiares projetam uma sombra extensa em Joan enquanto ela busca se estabelecer na nova vida. À medida que ela cresce, encontra alívio nas obras de arte ao pintar retratos da comunidade de Memphis. Um dos modelos dela é a Srta. Dawn, que ajuda a jovem a ver como paixão, imaginação e esperança levados consigo são, de fato, a continuação de uma longa tradição matrilinear. Então, por meio do pincel, Joan descobre o poder de transformar o legado da própria família.

Em Memphis, Tara M. Stringfellow transcende as adversidades e busca proporcionar uma experiência emotiva ao leitor, com tragédias, alegrias e conexões, enquanto celebra resiliência, cultura e força das mulheres negras ao longo dos anos. A obra é dedicada a Gianna Floyd, filha de George Floyd – assassinado em 2020 por um policial branco na cidade Minneapolis, nos EUA.

A autora

Tara M. Stringfellow é poeta, ex-advogada e artista de vários gêneros, Tara é graduada em Master of Fine Arts pela Northwestern University tanto em poesia quanto em prosa e foi indicada a dois prêmios Pushcart, assim como ao Best of the Net. sua primeira coleção de poesia intitulada More than Dancing foi publicada pela Third World Press, em 2008.

O livro de estreia da escritora, “Memphis”, é o vencedor recente do Book Pipeline Fiction Contest, sendo reconhecido por ter seu caminho livre para a adaptação para filmes e séries de TV. 

Depois de ter vivido em Okinawa, Gana, Chicago, Cuba, Espanha, Itália e Washington DC, Tara voltou para casa, em Memphis, onde se senta em seu balanço da varanda todas as noites com seu cachorro, Huckleberry, ouvindo discos e conversando com vizinhos.

  • Redação

    A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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